quinta-feira, 27 de junho de 2013

Visita Ao Bairro Biguá

O bairro Biguá recebeu este nome devido a uma ave de corpo pesado parecida com um pato de plumagem escura, bico estreito e adunco, cauda e pescoço longo e asas curtas. Os biguás existiam em abundância na ocasião da construção da ferrovia.
 

Estação Biguá




Uma pena essas construções históricas estarem tão abandonadas. A estação quase em ruínas, tomada pelo chuchuzeiro ainda seve de abrigo para uma família. A caixa d’água que abastecia a Maria-fumaça  está coberta pelo musgo  e ainda revela vestígios de alguma campanha eleitoral. Puxa, não é assim que se trata o nosso patrimônio histórico-cultural !

Biguá = terra natal do Padre Léo

Tarcísio Gonçalves Pereira, o padre Léo ,nasceu no dia 9 de outubro de 1961, no bairro Biguá,em Delfim Moreira/MG , filho de Joaquim Mendes e Maria Nazaré. Quando era criança, já tinha o desejo de ser padre, mas como todo jovem teve namorada, chegando a ficar noivo. Ingressou na Renovação Carismática Católica em 1973 ,enquanto tornou-se músico, cantor, compositor, apresentador, pregador e escritor. Entrou para o seminário com 21 anos. Descobriu a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.  Aos 12 de outubro de 1995, fundou a Comunidade Bethânia, que hoje conta com 05 casas espalhadas pelo Brasil, cuja missão é restaurar jovens dependentes químicos, portadores de HIV e marginalizados em geral. Essa missão aconteceu quando os usuários de drogas o procuravam nas dependências do Colégio São Luiz, na cidade de Brusque/SC. Sempre com bom humor e entusiasmo pela vida, Padre Léo começou o tratamento contra o câncer em abril de 2006 e, mesmo debilitado, esteve presente no ‘Hosana Brasil 2006’ em dezembro. Visivelmente abatido pelo longo tratamento, fez uma surpreendente pregação, marcando profundamente a vida de todos os presentes. Padre Léo morreu no dia 4 de Janeiro de 2007, vítima de câncer no pulmão, aos 45 anos, no Hospital da Clínicas de São Paulo, cercado de pessoas que o amavam sinceramente.
Umas das instituições fundadas pelo Padre Léo, localiza-se logo aqui em Lorena /SP a 40 km de Delfim Moreira, e atualmente  Pe. Vicente é o coordenador de todas essas clínicas.Quando já estava à beira da morte , quis que sua família se reunisse sem ele, para a festividade do ano novo, enquanto estava no hospital. Ele já sentia que seu encontro com Deus estava próximo. Quatro dias depois ele faleceu.

Rafaela Siqueira e Mayara Gaioso







Moradores contando Histórias na praça 













Imagens: Mateus Ribeiro.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Visita Ao Bairro Barreiro

Mudanças no Barreiro

            Na noite fria do dia 08 de maio de 2013, dois repórteres do Jornal Prisma Cultural foram buscar informações históricas e culturais a respeito do bairro Barreiro.
Numa conversa com o advogado Marcelo Souza, ex-morador que preza pela história do bairro, ele contou-nos das frequentes destalas de fumo, ponto de encontro das pessoas, onde as crianças brincavam de pique e faziam muita bagunça.O bairro produziu muito fumo e chegou até a ser referência para outros municípios e também,a custa disso, o Barreiro cresceu e prosperou ao longo dos anos...
Relatou sobre a vinda de boiadeiros que traziam consigo o gado para o único açougue, que havia na região, em nosso município: Delfim Moreira. Isso fez com que surgisse a hipótese de que o pastel de milho
teria se originado aqui. Tudo indica que esse fato tenha veridicidade, pois em certa época houve restrição da farinha de trigo e como não havia comida suficiente para todos habitantes e para os boiadeiros, então passou-se a usar a farinha de milho já que haviam milharais e facilidade para fazer e comprar esse tipo de alimento. Assim, surgiu nosso famoso pastel de milho.
“ O Barreiro vem sofrendo muitas mudanças”: a plantação de fumo tornou-se escassa devido à falta de mão de obra.As pessoas mudaram para outras localidades em busca de trabalho.
Ao perguntar sobre os moradores do bairro ele indicou-nos seu Tião Sabão para conversar sobre as histórias do povoado.
            Assim, no dia seguinte a equipe do Jornal Prisma Cultural realizou a visita ao bairro Barreiro onde seu Sebastião, o Tião Sabão, nos recebeu muito bem. Ele relatou histórias sobre os campeonatos de futebol, como era composto o time e o número de vitórias. Falou sobre o mentruz planta medicinal foi muito usada como anti-inflamatório pelos atletas do bairro quando se machucavam.
            Relembrou do barro formado na estrada, oque originou o nome do bairro.  hoje isso fica só na lembrança das pessoas... Chegou o progresso, o asfalto e a insegurança para os moradores.


Sr. Tião apresentou-nos a fauna representada pelo tucano, que voavam sobre nossas cabeças, indo pousar nas bananeiras.Por lá também é muito frequente a visita de pato selvagem, das garças e das maritacas, do porquinho-da-índia, do veado, da onça jaguatirica e até da pantera negra; a flora do lugar representada pelas árvores frutíferas e o pau-formiga. A natureza também vem sofrendo contínuas mudanças como a diminuição do nível pluviométrico, secas, corte de madeira. Mas apesar disso, a paisagem do bairro é exuberante e continua encantando as pessoas.

Tainara Nunes

O pau-formiga é uma árvore tropical majestosa,
 que impressiona por seu porte e florada exuberantes.
Sua copa tem formato colunar a piramidal,
 com tronco retilíneo,
elegante e oco,
abrigando formigas em seu interior.

Imagens: Mateus Ribeiro e Camila Sapucci.





terça-feira, 25 de junho de 2013

Visita ao bairro Barreira


A Folia de Reis

A Folia de Reis de origem portuguesa teria vindo ao Brasil em meados do século XVI, trazida pelos jesuítas. Esta festa está ligada a comemorações do culto católico do Natal, sendo anualmente realizada entre 24 de dezembro a 06 de janeiro. A história da festa deriva-se porque na ocasião do nascimento de Jesus, os três Reis Magos levaram presentes ao menino, na manjedoura.
Há 25 anos, no mês de janeiro, no bairro Barreira é realizada pela Dona Zezé, 64 anos, a festa dos Santos Reis. Ela sai esmolando nas casas do bairro e as pessoas contribuem com o que podem. Assim as pessoas vão à festa e  divertem-se a noite inteira...
A folia é composta por músicos tocando instrumentos, em sua maioria de confecção caseira e artesanal como tambores, reco-reco e pandeiro. E para animar há palhaços, dançarinos e outras figuras folclóricas. As canções são sempre sobre temas religiosos. Já a bandeira chamada de doutrina é feita de pano brilhante, nela é colocada uma estampa dos reis magos. Com ela, os festeiros visitam as casas das pessoas devotas. Alguns foliões dessa festa são de Piquete-SP.

A grande motivação dessa festa é a religiosidade de Dona Zezé e a oportunidade de celebrar uma data tão especial ainda mais quando , no bairro, acontecem poucos eventos ao longo do ano.

Carla Adriele e Ângela Assis



                             




José Vitor Alves - O contador de causos


             Conta o Sr José Vitor Alves, um produtor agropecuário da Barreira, que ele era criança quando aconteceu a Revolução de 1932. Muitas vezes, ouviu de seus pais relatos sobre os combates entre os paulistas e mineiros que aconteceram lá na Serra. Naquela época, havia na Barreira, um Coronel, que era odiado por um morador do bairro. Esse morador escreveu um bilhete dizendo que o coronel era revoltoso e colocou-o numa vara e deixou-o em cima de um cupim. Quando o exército passou e leu aquele bilhete e descobriu que o coronel era “revoltoso”, logo invadiram sua fazenda: os soldados carregaram as roupas das filhas do coronel, mataram as vacas, destruíram tudo deixando sua fazenda detonada.

            Sr José Vitor também gosta de contar causos: conta que em outros tempos os moradores da Barreira ouviam uma boiada passar fazendo muito barulho, mas que boi mesmo ninguém via. Outro causo bem conhecido é o de homem  que desapareceu. Dizem que ele estava no quintal da casa da prima do Sr José Vitor que ficava no fundo de um bar,  e ela se assustou com a presença do estranho e saiu correndo e gritando pelos vizinhos. Estes por sua vez correram atrás do homem que se jogou num buraco e desapareceu. Curioso é que esse buraco foi deixado por algumas bombas de gasolina que foram retiradas de lá. 
            Em uma de suas aventuras dos tempos de mocidade, ele vivenciou como protagonista um causo de assombração, disse-nos  que nunca havia passado tanto medo como naquela noite em que havia ido buscar alguns frangos na casa de um senhor junto de seus colegas. Essa turma resolveu assombrar algumas pessoas no bairro e na volta, tiveram a ideia de acender velas em cada encruzilhada por que passavam. Logo após acenderem o último toco de vela, se depararam com um boi enorme que e ia e vinha correndo e de repente parava diante deles. Aí foi o maior rebuliço: as galinhas alvoroçaram, os cachorros latiram e a rapaziada saiu correndo... Boa essa hein!?
                                                                                          Mariana Sapucci


Perfil: Dona Fia e Sr Cássio


Sr Cássio e a Dona Fia, residem no  Bairro Barreira há 49 anos.. Atualmente, o bairro tem o nome ‘Barreira’ porque até pouco tempo, logo ali na Serra de Piquete/SP, existia um posto de fiscalização. Mas eles nos disseram que o nome do  bairro era Ataque por causa de alguns combates que ocorreram na ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932.
Dona Fia conta que sua mãe chegou a ver o movimento de soldados no bairro na época dessa revolução e sempre ouviu dela a história de Dona Cotinha,  uma mulher que ao se separar do marido e não e não ter para onde ir, enfrentou soldados para garantir um pedaço de chão.
                                                                      Cláudia Fortes

Perfil: Dona Ana Rodrigues


Esta é a Dona Ana Rodrigues da Silva Moura que vive no bairro Barreira há mais de 50 anos. Devido a grandes dificuldades só pôde se alfabetizar no "Mobral" , quando adulta, numa ocasião em que o prefeito Dalmo Ribeiro construiu essa escola no bairro para que os moradores pudessem votar.
Dona Ana nos contou um pouco da revolução de 1932 e ela acredita que não existam mais trincheiras por lá...
Saudosa, ela lembra a grande produção de marmelo e ameixa em tempos passados e lamenta pelas mudanças nos dias de hoje, como o excessivo uso de drogas pelos jovens, que segundo ela, não é coisa de Deus.
Claudia Fortes e Lucimara



Caçadores de Histórias

Sob as sombras das nuvens
Adentramos na Barreira
Frio. Entrada em terra hospitaleira.

Nas montanhas Gerais
Na divisa do estado
Resgatando histórias
Nos rastros do passado.

Bate-papo  nos bancos
 O sol a esquentar...
Animais no terreiro
Alunos a pesquisar
Perguntas discretas
Curiosidade no olhar...

E o tempo voa
Temos que retornar
Os diversos textos
Carregados de memórias
Vamos lapidar.

                             Mateus Cortez











Principal produto agropecuário: Eucalipto






Informação importante :  A barreira é o bairro onde acontece a maior incidência de vítimas  picadas por cobras.





Esta estrada que liga Piquete a Itajubá
 foi construída entre os anos 1935 a 1942
 um grande acontecimento, segundo os moradores...







domingo, 23 de junho de 2013

O PROJETO

Ana Maria de Paiva Alves e Silva


Supervisora Pedagógica

Justificativa


Os alunos da E.E. Marquês de Sapucaí estiveram muito envolvidos com a OLP - Olimpíada da Língua Portuguesa no ano 2012, ocasião em que muitos textos foram publicados no livro “Oficina do Lapidário” que é o produto final do Projeto Lapidar – www.projetolapidar.com.br – manifestando muito interesse pela temática ‘o lugar onde vivo’. E, à custa do entusiasmo pela pesquisa e euforia pelo sucesso desse projeto, o corpo docente, em reuniões de módulo II, considerou producente a implementação de outro projeto que contemplasse um estudo mais apurado acerca do patrimônio histórico-cultural de Delfim Moreira-MG, já que os delfinenses pouco conhecem sobre suas próprias origens.
Em síntese, o município de Delfim Moreira, que localiza-se no Sul de Minas Gerais, nasceu em 1703, na cachoeira do Itagyba, com o nome de Paróquia de Nossa Senhora da Soledade de Itagyba ; possui uma população de aproximadamente 8.000 habitantes, distribuídos numa área territorial de 408,5 km2. Com a topografia predominantemente montanhosa, o centenário e histórico município abriga em seus rincões 37 bairros rurais, cuja população se dedica às atividades agropecuárias. Os nossos córregos descem apressadamente as encostas, chegam e fertilizam as lezírias do Rio Sapucaí e se encerram na Vila de Pantalete, entre os municípios de Paraguaçu e Três Pontas, quando se une ao Rio Verde e, juntos, formam um braço da Represa de Furnas. 
Aqui em Delfim Moreira ainda existem os túneis das minas de ouro do século XVIII, descobertas por Miguel Garcia Velho em 1703... O Município foi palco de uma das batalhas da Revolução de 1932 que deixou suas trincheiras e, em memória da família de um soldado, erigiu-se a Cruz das Almas; também foi anfitrião da Princesa Isabel e do conde D’Eu que aqui fizeram sua estada por duas vezes, em períodos de repouso. Durante décadas foi o maior produtor mundial de marmelo - a cozinha local criou um cardápio de pratos, doces, geleias de marmelo. Aqui foi terminal de um ramal da estrada de ferro que deixou de herança o edifício da estação e o nome da cidade. Os nossos casarões históricos resistem ao tempo e teimosamente registram sua história. Reminiscências de animais pré-históricos de eras geológicas existem nas pegadas nas pedras dos nossos rios.
Além disso, nossas florestas abrigam a diversidade da fauna e da flora da Serra da Mantiqueira.
As origens de algumas das famílias poderão ser obtidas naturalmente na evolução dos trabalhos. E todo esse patrimônio carece de um registro.
O Projeto “Escola Estrada Afora” vem atender a esse objetivo contemplando a transversalidade que propõe uma educação cidadã a partir dos elementos da história local e dos conteúdos escolares.
As ações desse projeto se pautam em conhecer, observar e analisar os bairros e regiões que compõem o município de Delfim Moreira-MG em seus diversos aspectos histórico-culturais.
Temas locais, como valorização do Patrimônio histórico-cultural, constituem-se como a transversalidade necessária nas escolas, segundo os PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais. Por isso, oportunizar aos alunos a identificação das origens e da história de cada povoado, assim como a observação dos aspectos culturais os faz refletir sobre a historicidade como um processo vivo, propenso a mudanças e, dessa forma, eles se sentem responsáveis pela construção e reconstrução histórica do município.
Outrossim, a integração dos alunos com o lugar onde vivem, ratifica que a educação é uma atividade social e que deve ser trabalhada para além dos muros da escola, cultivando sensibilidade, emoção, empatia e respeito pela diversidade.
Sob a coordenação da equipe de supervisão pedagógica, junto com os professores e os alunos do ensino médio, a E. E. Marquês de Sapucaí realizou um valioso trabalho de captação de informações, imagens e depoimentos que contribuíram para o enriquecimento curricular dando visibilidade e relevância ao nosso município.
Toda produção textual, imagens e vídeos produzidos durante a visitação estavam sendo armazenados para uma exposição cultural prevista para a Semana da Pátria ( de 01 a 07 de setembro) , a convite da Secretaria Municipal do Turismo, mas já estão sendo veiculados através do Jornal Prisma Cultural, do Facebook https://www.facebook.com/marques.desapucai.3?fref=ts  e do Blog http://escolaestadualmarquesdesapucai.blogspot.com.br/ para que vocês tenham uma noção do que foi o projeto.
Através do Projeto Escola Estrada Afora, a E.E. Marquês de Sapucaí assumiu sua função social, junto à comunidade, oportunizando aos jovens o protagonismo em seu processo de aprendizagem.

Objetivos


O Projeto Escola Estrada Afora visa promover a observação e a análise do espaço geográfico e histórico do município de Delfim Moreira-MG, de forma que os alunos aprendam a pesquisar, a coletar dados e a registrar as informações coletadas, através da diversidade de gêneros textuais, da edição de vídeos e da organização do acervo de fotografias.
As ações desse projeto visam estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender na realidade os conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade), adquirindo habilidades com a utilização de recursos tecnológicos.
Dessa forma, o projeto pretende despertar nos envolvidos o interesse pela cultura do município e estimular a reflexão sobre a pesquisa histórica como processo vivo e propenso a mudanças; além do respeito pelo patrimônio cultural e pelo meio ambiente.

Conteúdos


Durante as visitas aos bairros, observa-se a diversidade de plantas e animais que compõem a fauna e a flora da Mata Atlântica na Serra da Mantiqueira; os rios, o relevo, as pedras que compõem a paisagem, as atividades agropecuárias, os empreendimentos turísticos, assim como a postura dos moradores em relação ao lixo - assuntos que têm sido abordados nas aulas de biologia e geografia.
Em relação à arte, a observação dos casarões antigos, com suas janelas e portas coloniais, assoalhos de tábuas largas, que serviram como cenário da história das famílias pioneiras, está interligada aos fatos históricos de Delfim Moreira. Da mesma forma, o período áureo do marmelo, a história que está por trás da construção de cada capela, os causos, os fatos tristes e alegres que marcaram cada comunidade, as habilidades dos artesãos, o talento dos músicos e repentistas costuram a identidade cultural do município.
Os conteúdos de sociologia são aprimorados quando se analisa os aspectos de organização e de convivência de cada comunidade; e os da filosofia quando se faz a identificação das origens e da história de cada povoado, assim como a observação dos aspectos culturais que promove uma reflexão sobre a historicidade como um processo que se renova a cada dia , para que os alunos se sintam responsáveis pela construção e reconstrução da história local.
E nas aulas de Português são redigidos, além dos roteiros de entrevista, os relatos (diário de bordo), as reportagens, as crônicas, as notícias, os artigos de opinião, os editoriais, as poesias etc., com intuito de compartilhar todo conhecimento apreendido com a comunidade escolar.

Metodologia


As ações do Projeto começaram a ser esboçadas ainda no final do ano de 2012. Fez-se um quadro para composição das equipes que era composto dos seguintes elementos:
a) responsáveis pelos contatos - contato com moradores dos bairros e com o secretário do transporte para agendamento do ônibus escolar etc.;
b) responsáveis pela elaboração dos roteiros de entrevistas e reportagem;
c) equipe da redação - crônica, notícia, relato da entrevista, diário de bordo, texto descritivo, charge, artigo de opinião, memórias, causo etc.;
d) responsáveis pelas fotos e produção e edição de vídeos; diagramação do jornal e blog da escola. Esses quatro grupos ainda foram subdivididos, de forma que houve função atribuída a vários professores e alunos.
     E, assim que teve início o ano letivo 2013, esses quatro grandes grupos foram subdivididos, para que houvesse função para todos os envolvidos. Os alunos do 2º ano do ensino médio, coordenados pela equipe de supervisão pedagógica e acompanhados pelos professores de história e de português, realizaram um planejamento de visitação e elaboraram roteiros de entrevista com base em informações prévias sobre os entrevistados.
Utilizando o transporte escolar, duas ou  três vezes semanais, o grupo visitava o bairro no contraturno para não atrapalhar o curso normal das aulas.  Durante a visitação, além das entrevistas, os educandos realizavam um passeio a fim de observar e registrar através de filmadora, câmera digital e diário de bordo todos os aspectos relacionados à cultura local: história, a geografia, as atividades agropecuárias, hábitos da população, aptidões artísticas, crenças, fauna e flora, trato com o lixo etc.
 Para contemplar a comunicação oral e escrita das suposições, dados e conclusões, os alunos, além de serem os responsáveis por coletar todas as informações por meio das histórias contadas, discutiam em grupo, visando o reconhecimento das transformações do município, para depois partirem para a produção textual, seleção de fotos e edição de vídeos para apresentar o município em seus vários aspectos, através do “Jornal Prisma Cultural”. Neste mês de junho, os alunos tomaram a iniciativa de criar a página no Facebook https://www.facebook.com/marques.desapucai.3?fref=ts e o Blog  http://escolaestadualmarquesdesapucai.blogspot.com.br/ da Marquês. Esses veículos de comunicação, além de atribuir função social à escola, servem de estímulo para a releitura e reescrita dos textos, com intuito de aprimorá-los e, consequentemente, desenvolve também as habilidades da língua portuguesa.


Cabe ressaltar que o interesse e a aptidão dos alunos para o uso da tecnologia favoreceu bastante as ações do projeto. Todo o percurso teve como suporte as ferramentas tecnológicas que vão desde a câmera digital, tablet, notebook, aos programas de software como CorelDraw entre outros, provendo assim a inclusão digital.

Avaliação


A avaliação se fez sob a óptica da organização, da convivência, do compromisso e da atuação de todos os elementos envolvidos com as ações do projeto, assim como da postura reflexiva e crítica acerca dos fatos e situações abordados.
Os professores - em grupos alternativos - acompanharam os alunos em todas as visitas aos bairros, orientando-os e atuando também como coadjuvantes no trabalho de investigação e registros; da mesma forma, acompanharam e se envolveram com a diagramação do jornal e com o manejo do Blog.
Os alunos também manifestaram muito interesse pelas atividades, por isso compromisso e dedicação consistiram apenas num detalhe. Um ponto que chamou muito a atenção do grupo foi a educação e a fineza dos estudantes com as pessoas entrevistadas, fossem elas idosas ou jovens, simples ou sofisticadas, empresários ou trabalhadores do campo.
Outro ponto relevante foi o desenvolvimento de uma postura reflexiva e crítica acerca do contexto histórico do município, das atividades agrícolas e da ação humana sobre o meio ambiente (dois  textos redigidos neste contexto com o tema “Analfabetismo Ecológico” foram premiados pela Academia Itajubense de Letras e Rotary Club de Itajubá –MG num Concurso de Redação) ; sobre o êxodo rural e o êxodo da juventude; a capacidade de retenção de mão de obra, os empreendimentos turísticos, entre outros aspectos que impulsionaram as seguintes sugestões:

*  Colocar placa adicional nas ruas descrevendo quem foi o titular da rua
*  Criar pontos de ônibus com cobertura e bancos
*  Criar um órgão de orientação jurídica aos habitantes
*  Criar centro de teatro
*  Criar grupo tradicional de canções e músicas
*  Criar um centro de lazer para o idoso
*  Reunir a cozinha local para manter as tradições dos pratos de marmelo e de pinhão
Mas o Projeto Escola Estrada Afora atingiu seu ápice quando, naturalmente, enfatizou  problemas de ordem ambiental e social :
a)      Ambiental - Na visita ao Bairro Sengó, os moradores chegaram a fazer uma denúncia muito grave acerca da atitude de açougueiros que depositam carcaças bovinas e suínas nas margens do rio que desemboca na represa da usina hidrelétrica ‘Ninho da Águia’ – maior furo de reportagem. E também quando partiu dos próprios alunos propor uma parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente para realizar um trabalho de conscientização sobre a necessidade da reciclagem e dos cuidados com o lixo, na comunidade urbana e  rural.
E também foram sugeridas pelos alunos outras ações que poderiam ser cuidadas de forma gradativa:
*  Dispor recipientes  de lixo separados por cor
*  Plantar árvores na cidade
*  Colocar placas indicativas dos bairros e edifícios
*  Reportar qualidade da água
b)      Reconhecimento Social – Ao conhecer a casa de Luiz Augusto Fernando Guimarães – aluno que teve seu texto classificado em 1º lugar no estado de Minas Gerais, no 42º Concurso Internacional de Redação de cartas promovido pelos Correios - http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/jornal-da-eptv/videos/t/edicoes/v/estudante-de-delfim-moreira-mg-ganha-premio-internacional-de-redacao/2595530/ - toda a equipe do Projeto Escola Estrada Afora foi tomada por intenso sentimento de comoção, empatia e solidariedade, mediante tamanha carência. O grupo imediatamente iniciou uma campanha para dar uma vida digna à família de Luiz Augusto. Assim, a vida do jovem escritor da E.E. Marquês de Sapucaí já começou a se transformar: cesta básica, roupas novas, enxoval, tablet, computador, internet, móveis, uma casa nova que a empresa Correios já está providenciando, uma bolsa de estudos (curso de graduação). Isso é educação de valores, é compromisso social, é formação cidadã.

Por tudo isso, foi muito bom ver professores e alunos comprometidos em transformar esses dois contextos intencionando promover a preservação ambiental e a equidade social. Isso demonstra responsabilidade pelos destinos da vida coletiva; prove a valorização individual e social pelo reconhecimento e sistematização das informações, bem como a exposição e notoriedade que os valores locais vão ganhar ao se exporem; e, acima de tudo, cria o sentimento e o orgulho de pertinência a Delfim Moreira.

Para as outras edições do Projeto Escola Afora, vamos trabalhar junto à prefeitura, pela disponibilização de um micro-ônibus e  de um motorista por um período de tempo maior , para que seja possível explorar mais detalhes, entrevistar mais pessoas e obter mais imagens dos bairros.



sábado, 22 de junho de 2013

Escola Estrada Afora - Produções Artístico-literárias


Desenho de Thaís Bernardes – 8º ano

Andanças


Nas minhas andanças pude notar
Canários em copas centenárias a cantar.
Montanhas verdes guardiãs de nossa flora
De cachoeiras de águas geladas da serra que chora.
São tantas histórias que me ponho admirado
Pessoas alegres em relembrar o passado.
Entrevistados relatam  acontecimentos  de sua vida familiar
Como disse um amigo: tudo o que escutamos é texto para lapidar.
Mas depois de ouvir tanta coisa posso lhe afirmar
Nós delfinenses temos muito o que valorizar
Afinal, “o boi deixa o couro, o homem a história”
Inspiremo-nos no passado para termos um futuro de glória.
                                       Shelmer Araújo

  Resgatando histórias


Em grupos separados,
Cada um com sua missão;
De um lado para o outro;
buscando informação.

Lindas paisagens,
Histórias de assombração;
Povo sábio, religioso, digno de admiração.

Gente  simples que trabalha na fazenda
Dia e noite sem se cansar
 Embaixo de sol, embaixo de chuva
 pelejando para a família nada faltar.

Panelas de ferro e chaleira
Fumegando no fogão;
Chaminés anunciando
uma farta e saborosa refeição.

O dia vai passando...
E os pássaros  cantores sem cessar
Assim, seguimos em frente,
Atrás de aventuras em outro lugar.

                                                                                   Ângela  Assis     



O Compositor

Com o violão na mão sentei-me em um banco simples de madeira e comecei a tocar. Era uma manhã fria, montanhas cobertas pela névoa e a grama do terreiro toda branca de geada. Meus dedos estavam gelados, mas logo se esquentaram.  A cada música que entoava, o sol aparecia timidamente através das montanhas que formavam o vale.
Já com o sol radiando sobre as árvores, cantei Delfim Moreira com seus belos pássaros sobrevoando as copas centenárias em busca das frutas como alimento; cantei a marcha das galinhas ciscando o orvalho da manhã. Subi até o alto da montanha e de lá compreendi toda a natureza ao redor; compus lindas melodias, e cantava... Cantava a água caindo rio abaixo; a cachoeira fazendo sua dança contagiante; os cavalos correndo ao vento. E cantei também os trabalhadores no campo, na cidade e nas construções; a movimentação dos operários da usina hidrelétrica, cantei o progresso...Cantei o gado na curva da estrada; os pecuaristas e as vacas leiteiras; os agricultores manejando lavouras e uma bela orquestra da mata - macacos guinchando, sabiás chilreando e os tucanos chalrando - que se misturavam ao som das modas de viola cantadas em Minas Gerais. [...]
Cantei as belezas da região e até cantei alguns problemas da cidade, só que em um tom abaixo pra que não se sobrepusessem à exuberância dos ipês e das araucárias que compõem a melodia da pequena cidade, que sempre será um belo lugar para se desligar da correria do mundo e relaxar os pensamentos mais profundos dos grandes compositores mineiros...
Ao retornar do passeio pelas montanhas, sentei sobre o fogão à lenha e cantei Delfim Moreira... Cantei o gostinho do café com bolão de fubá; cantei o calor gostoso do fogo que aquecia minhas mãos e meu coração; cantei o refrão de mais uma manhã de inverno nas montanhas geladas do sul de Minas Gerais...

Mateus Cortez 







 Fotografar


Saio com a câmera para fotografar
 inovar, criar e eternizar. 
Em cada bairro uma história para contar
de uma fotografia um infinito para narrar
histórias, sorrisos e até repentes pude apreciar
Registro o momento e depois ponho-me a editar
De cada lugar uma memória, uma vida, tudo para acreditar
que o Projeto Escola Estrada Afora veio para ficar...

                                                      Mateus Ribeiro




   


























Desenho do Aluno Thiago Carvalho- 9ºano




Visita ao Bairro Sengó






Era o dia 29 de abril de 2013, quando uma equipe da reportagem do Jornal Prisma Cultural foi ao bairro Sengó conhecer o lugar onde mora o aluno Luiz Augusto Fernando Guimarães. Percorreu-se uma estrada estreita e arborizada, onde antigamente era uma linha ferroviária. Galhos de pereiras atrevidos adentravam as janelas do ônibus escolar e a paisagem era absorvida por olhos curiosos e admirados. Ao descer na estrada macia de poeira, subimos até a casa do Sr José Vieira, rodeada de laranjeiras e goiabeiras,quando contou um pouco de sua vida no Sengó, acerca de 40 anos. Ele foi um dos primeiros habitantes que migrou do Rio Comprido.  As maiores dificuldades encontradas pelos moradores foram a falta de médico e a precariedade da estrada. Comentou que lá há uma espécie de pássaro que tem lhe chamado a atenção- o jacu- ave que se parece com uma Galinha de rabo e asas compridas, cabeça pequena e rabo longo. Onde há matas mais densas até algum tempo poderíamos encontrar veados, porém com o passar do tempo eles foram desaparecendo.

A equipe ficou encantada com o trabalho da Santa, filha do Sr Zé Vieira que catequiza as crianças do bairro, na garagem de sua casa- uma missão nobre...
Então,a equipe abriu mais uma porteira em direção à casa do Sr José Tarcízio, o Zezinho Amaro, que nos recebeu muito bem. Relatou sobre seu trabalho da aração de terras e exibiu, com o orgulho, o arado que o acompanhou por 40 anos. Também contou causos de assombração; fez repentes e cantou músicas da dupla Cedro e Cedrinho – não conheciam? Pois é, outrora, o Sr Geraldo Ferreira e o Zé Roquinho já fizeram sucesso por essas estradas.
Além de contar sobre suas diversões na infância, como o jogo de maia, o Sr Zezinho nos mostrou que sua visão a respeito da usina hidrelétrica é positiva, porque contribui para o crescimento e desenvolvimento do bairro. E apreciamos o crochê da dona Sebastiana...
E na simplicidade do Sengó, esconde-se um escritor: Luiz Augusto. Um orgulho para o bairro e para o tio “Zezinho Amaro”.
Em seguida, realizamos uma longa escalada pela montanha até chegar à casa do jovem escritor...uma casa rústica e simples afixada no topo de uma colina, onde se pode contemplar a vista panorâmica do Sengó.

Fomos recebidos por seu pai Fernando, pelas irmãs Vanessa e Luiza e pelo próprio Luiz Augusto. Em uma conversa com o pai, concluímos que ele é presente e acompanha a vida escolar de seus filhos e reconhece que a escola é fundamental, uma vez que ele mesmo não teve oportunidade de frequentá-la. Orgulhoso por seu filho ter seu texto classificado em primeiro lugar no 42° Concurso Internacional de Redação de Cartas do Correio.





Quem é ele?

Luiz Augusto é um jovem escritor e estudante do primeiro ano do ensino médio, considera-se uma pessoa que leva uma vida normal, ajudando seu pai na lida do campo: roça o pasto, capina a horta, trata de porco... É um jovem que prima por seu lar, pelos estudos e que tem planos para o seu futuro: formar-se em engenharia civil e ajudar sempre a sua família, já que para ele esta tem significado de união.
A beleza natural e encantadora do lugar onde vive é a fonte de inspiração para a produção de seus textos.  Sensível, como todo artista, gosta de música sertaneja; seus livros preferidos são os da série Harry Potter, cuja escritora J. K. Rowling também é sua favorita. Apesar das dificuldades, o que mais lhe deixa feliz é estar junto de seu pai e de suas irmãs. E o que lhe entristece é ver as dificuldades enfrentadas por outras pessoas. Para ele Deus está acima de tudo.
Luiz Augusto é um aluno que sempre se destacou na Escola Estadual Marquês de Sapucaí pela sua humildade,carisma e sensibilidade. Por isso tem muitos amigos e é respeitado e admirado por todos.

Por que a água é um bem precioso?
Delfim Moreira, 14 de março de 2013
Caro amigo,
Escrevo de terras distantes das suas, de onde posso beber água na bica e nadar nas lindas cachoeiras da Serra da Mantiqueira, a serra que chora, segundo os índios: “Amantykir”.
Aqui tenho a liberdade de estalar as poças d’água, de correr nos campos molhados pela chuva e sentir as gotas chicoteando minhas costas, lavando meu rosto...
Ah, como é belo ver a água da chuva dançar nos céus, convidando o feijão, o milho e as braquiárias a bailarem. Apreciar esse espetáculo debaixo de uma árvore vale mais do que qualquer cena no cinema. Às vezes, a chuva cai tão forte que chega a produzir uma fumaça branca que desliza eufórica pelo pasto e pelas plantações. E como é belo sentir o chão saciado. As sementes germinando... As flores se abrindo... Os frutos... Ah, que diversidade de cores e sabores!
E o que eu gosto mais é escorregar no terreiro lamacento e sapatear no barro vermelho que desce empurrado pelas águas. Ah, meu amigo, se você pudesse presenciar a maravilha que é ver as árvores chorarem lágrimas cristalinas, lágrimas não de tristeza, mas de vida!
Mas eu tenho consciência que toda essa alegria um dia poderá ter fim. Dia a dia noto os rios franzinos... e tantos resíduos em suas costas. Coitados dos agricultores que precisam de água limpa para saciar a sede dos filhos e das lavouras.
Ah, prezado amigo, justamente ela que é nossa amiga incondicional, encontra-setão desprotegida! Não é que até as nascentes estão se tornando escassas por causa da ganância do homem que desmata desmedidamente!
Não pense que sou um rapaz pessimista. Sou até bastante positivo porque acredito que preservar nosso maior bem seja tarefa fácil, desde que haja educação e comprometimento dos povos. Basta agir com respeito para com a natureza.
Sabe, amigo, sei que minhas simples palavras não vão retirar todo o veneno que jogam nos rios, mas se elas mudarem alguma coisa dentro de você já valeu a pena lhe escrever...
Lembre-se que no universo não há diamante mais precioso do que a água. Diamantes não saciam a sede; não refrescam o rosto nos dias quentes; não descem as montanhas cantando; não levam nossos sonhos nem nossas lágrimas. Diamantes não geram a vida. Diamantes não acalentam nosso sono. Diamantes não me fazem falta.Já a água... Ah, que preciosidade!
Grande abraço,
 Luiz Augusto Fernando Guimarães

                                                                                                                 1º ano ensino médio

Luiz Augusto, suas irmãs e seu Pai
Os alunos aprenderam o manejo do arado com o sr Zezinho Amaro

Caminho até a casa do Aluno Luiz Augusto



Denúncia


 Moradores do Sengó estão indignados com o descarte de lixo no bairro

Durante a visita ao bairro Sengó, a equipe do jornal Prisma Cultural recebeu uma denúncia sobre o depósito indevido de lixo em alguns terrenos de moradores dobairro. Fomos pessoalmente ao local e confirmamos que há garrafas pet jogadas no terreno, tecidos, lonas de plástico, baldes, carcaças e ossos bovinos (foto ao lado)que foram ali depositados por açougueiros, supostamente de Itajubá.

Os fatores que tornam a situação ainda mais agravante sãoo odor presente no local e a localização do terreno nas proximidades do rio Santo Antônio que desemboca na represa. Segundo relatos dos moradores, os cachorros estão arrastando os restos de ossos para dentro do rio, o que pode gerar complicações futuras.