sábado, 17 de agosto de 2013

Escola Estadual Marquês de Sapucaí

 IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA


A “Escola Estadual Marquês de Sapucaí” localiza-se à Rua Paulino Faria, s/n, na cidade de Delfim Moreira-MG.
Possui este nome em homenagem ao político Cândido José de Araújo Viana, o “Marquês de Sapucaí”.
Tel (35) 36241141
e-mail: escola.55000@educacao.mg.gov.br

 - Administração 2013

- Diretor: Aurelino Assis Xavier
- Vice-diretor :Antônio Martinês Assis Leite
- Especialistas: Josefina Ferreira Silva/ Ana Maria de Paiva Alves e Silva
- Secretário: José Odorico Lorena


 - Histórico

A Escola Estadual Marquês de Sapucaí foi criada em 17/12/1946, pelo decreto Nº 2.359/46 com o nome de “Escolas Reunidas “Marquês de Sapucaí”.
Sua instalação data de 07/02/1955, quando passou a chamar “Grupo Escolar Marquês de Sapucaí”.
Funcionou com as quatro primeiras séries até 1974. A partir de 1975, conforme Resolução nº 1.377/75, de 03/05/75, foi autorizada a extensão de séries de 5ª à 8ª série, em caráter imediato, ficando classificada como “Escola Estadual Marquês de Sapucaí” funcionando também como pré-escola.
Em 30/06/88 o MG publicou no Ato do Sr. Governador, o Termo de Autorização “Integração de Escolas” e no MG de 10/08/88 foi publicado o decreto 28.489/88 integrando as Escolas: E.E.de 2º Grau e E.E. Marquês de Sapucaí, de 1º Grau, numa única Unidade de Ensino, com a denominação de “E. E. Marquês de Sapucaí de 1º e 2º graus,1.4.6.B.


 - Diagnóstico

A E.E. Marquês de Sapucaí é uma escola pública que busca incessante e progressivamente melhorar o atendimento à comunidade e aprimorar formação cidadã.
Ao longo dos anos já proporcionou cursos de aceleração e adequação de idade/série como ‘ A caminho da cidadania”, ‘Acertando o Passo”,” PAV”e EJA – Educação para Jovens e Adultos que no final de 2012, certificou  24 alunos .
O processo de municipalização teve início no ano de 1998 de forma que o número de alunos ficou bastante reduzido, em 2013 temos 550 matriculados e frequentes. Esse número foi dividido em 10 turmas matutinas e 07 turmas vespertinas. No período noturno, frequenta 01 turma no Curso Técnico em Contabilidade e 01 no Curso Técnico em Informática.
Há alguns anos, a escola vem traçando uma proposta pedagógica que contemple a diversidade , o que se configura como educação inclusiva. Mas para que a inclusão se efetive é necessário que se faça uma discussão constante acerca das mudanças requeridas em termo de concepção(do sujeito, ensino-aprendizagem, currículo e avaliação), formação docente e adequação dos espaços físicos.
Essas questões pedagógicas são discutidas, frequentemente, durante as reuniões de Módulo II, incluindo temas como:
- Resultados do PROEB e IDEB, situação atual dos alunos, situação atual do professor, normas de convivência, principais dificuldades da escola, considerações sobre a avaliação, causas da evasão, métodos de recuperação, causas da repetência, possíveis soluções para melhorar a qualidade do ensino, o que se espera da escola, atividades a serem desenvolvidas na escola, compromisso dos funcionários com a instituição. Nessa oportunidade é elaborado o PIP- Plano de Intervenção Pedagógica.
Cabe ressaltar que o corpo docente, cuja maioria é efetiva através de concurso,tem investido em capacitação profissional, através de cursos de pós-graduação e  mestrado.

Quanto ao aspecto físico, em 2013 a E.E. Marquês de Sapucaí apresenta-se da seguinte forma:

Salas de aula
12
Refeitório
01
Sala de direção
01
Banheiros
08
Quadra esportiva
00
Auditório
01
Biblioteca
01
Laboratório
01
Sala dos professores
01
Secretaria
01
Sala informatizada
01
Cozinha
01
Camarim
01
Sala Recurso
01
Sala de aula de música
01
Material esportivo
01
Sala de livros didáticos
01
Sala de recursos audiovisuais
01
                                                                               



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Fatos Históricos - Delfim Moreira

Histórico da cidade :  A entrada das bandeiras

       

     Miguel Garcia Velho foi o bandeirante que desbravou corajosamente as terras onde hoje se encontra Delfim Moreira. Este vinha em busca de ouro, em 1703.
        Mas foi no dia  17 de Dezembro de 1.938 que a pequena cidadezinha pacata ganhou nome e identidade, porém, antes de toda essa cidade ganhar um meio e um fim, temos que voltar ao tempo e descobrir mais sobre sua origem. 
        Anteriormente, “Descoberto de Itajybá”, “Nossa Senhora da Soledade de Itajubá” e “Itajubá Velho” foram os nomes sugeridos para serem colocados a nova cidade que se formava, nomes que se relacionam muito mais ao fato de que Delfim fazia parte do município de Itajubá.
          Há quem diga que foi Miguel Garcia Velho que deu o primeiro passo em solo delfinense, já outros supõem que foi Manoel de Borba Gato que chegou primeiro, a questão é que ambos vinham  com o mesmo objetivo, descobrir ouro por essas redondezas. Miguel se estabeleceu aqui, com intenção de fundar um povoado, logo após ter descoberto uma mina de ouro, indicada por um índio. Contam-se que, certa vez, em Taubaté, ele encontrou um índio que ostentava um adereço de ouro e quando lhe perguntou sobre onde tinha encontrado aquela pedra amarela (Itagybá), o índio o trouxe até aqui na “Cachoeira de Itagyba”...
         Durante um longo tempo, houve muitas discussões sobre os limites entre MG e SP, após 3 anos de disputa territorial, suas fronteiras foram delimitadas pela Serra da Mantiqueira, tornando Descoberto de Itajubá, parte do termo da Vila de São João D'Rei. Os primeiros habitantes adotaram Nossa Senhora da Soledade como padroeira local e ,a cada ano, sua estrutura era melhorada, até que então foi erguida uma matriz mais imponente.
Com as mudanças territoriais, o Bispado de Mariana tomou posse, temporariamente das paróquias de São Paulo, presentes na região, que já se constituía como sul de Minas.
       Enquanto a realização da extração de ouro se mostrava lucrativa, constituía-se a freguesia de Nossa Senhora da Soledade de Itajubá de 1.762. Mas  a ausência de atrativos e o difícil acesso a outras regiões da colônia contribuíram para que muitos habitantes deixassem o arraial, o qual passou a ter poucos moradores e pequenos estabelecimentos voltados à atividade de subsistência. Segundo relatos, houve um grande êxodo de pessoas que foram tentar a vida nas margens do Rio Sapucaí ,comandados pelo Padre Lourenço da Costa Moreira, que era  vigário da Igreja Nossa Senhora da Soledade de Itajubá... mas isso é outra história : O episódio da Ponte do Encontro.
Lívia Venturelli


          A agricultura e a pecuária de subsistência eram as principais atividades econômicas da época. Através do Barão da Bocaina, o marmelo e outras frutas europeias chegaram à região, mudando o seu perfil econômico. Assim, a primeira fábrica de doces foi instalada, tendo início a exportação de polpa de frutas para outras regiões do país.
        De acordo com o plano de inventario municipal, o florescimento econômico levou o distrito ao desenvolvimento urbano e crescimento populacional, elementos que contribuíram para a instalação de um ramal ferroviário nas redondezas, isso em 1928, um ano após a inauguração de uma estação.
       
A partir de então, a região desenvolveu atividades industriais e comerciais que influenciaram no desenvolvimento local. “Doces Mantiqueira”, “União”, “Peixe”, “Colombo” e “Cica” foram algumas das fábricas que se instalaram aqui . Na década de 60, o auge da comercialização do marmelo, tornou Delfim Moreira um ponto de referência na elaboração de uma das mais famosas guloseimas do Brasil: a marmelada.

Gabriela Siqueira





O Episódio da Ponte do Encontro

Passando pela Ponte do Encontro percebi que não havia nada que pudesse mostrar o quanto é importante essa ponte para a nossa cidade, do ponto de vista histórico-cultural. Ao procurar informações sobre ela nada encontrei. Nem mesmo no livro de tombo, que pertence à igreja, tem relatos desse acontecimento, já que o fato é de total importância religiosa.
                Comentei o fato de não haver relatos sobre a Ponte do Encontro com minha professora de português, que me disse ser importante ter informações concretas sobre o fato, já que com o Projeto Escola Estrada Afora estamos resgatando a identidade cultural e histórica de nossa cidade. Sendo assim, convidamos o professor Sérgio Ricardo de Faria, que conhece muito da história da nossa cidade para fazer alguns esclarecimentos.
    
Professor Sérgio Ricardo

        No dia 10 de julho, na sala de recursos audiovisuais, lá estávamos nós alunos do 2ºV, juntamente com os professores Marcelo e Ana Paiva, assistindo à palestra sobre o episódio da  Ponte do Encontro.
Segundo o professor Ricardo, há um relato nos documentos de Geraldino Campista que escreveu a memória histórica de Delfim Moreira de 1703 a 1832.
Professor Sérgio Ricardo com os alunos do 2°V
O Campista afirmou que depois da morte do padre que residia em Delfim, o governo brasileiro, em especial a Corte,  que residia no RJ, nomeou o padre Lourenço da Costa Moreira,  porque ele já era um funcionário do estado, que veio para cá a fim de cuidar do Arraial de Soledade de Itajubá e da igreja de Nossa Senhora da Soledade pertencente, na época, a SP.  O padre veio para cá achando que aqui tinha muito ouro, mas  quando aqui chegou, o ouro já estava em decadência. E, como ele  não se acostumou com o clima daqui , porque o frio era muito intenso - terra de geadas -, ele procurou outro lugar para viver e alguns fiéis o seguiram, descendo pelas margens do Rio Sapucaí e Santo Antônio.
Assim, o padre Lourenço fixou-se na Fazenda Boa Vista, onde já tinha uma igrejinha que era dedicada a São José e, naquele tempo, as pessoas eram obrigadas a fazer a desobriga, ou seja, ir uma vez por mês à missa, porque exigia-se até a chamada. Naquela época, era aceito apenas o catolicismo aqui no Brasil. Dessa forma, as pessoas começaram a se rebelar contra o padre porque queriam que ele ficasse na capela matriz, já que a da Boa Vista ficava longe. Em contrapartida, Padre Lourenço começou a brigar com o povo. De tanta insistência do padre ele conseguiu transferir a sede do arraial para Boa Vista.
Com isso, tudo que pertencia à Matriz Nossa Senhora da Soledade, imagens, paramentos, livro do tombo,de casamento e batizado teria de ser levado para nova igreja que passou também a ser a nova sede da freguesia, já com novo nome Itajubá Nova. O Campista afirma que não houve briga entre a população daqui com a de lá, já que o padre, percebendo que iria haver briga disse que deixaria a imagem. Porém essa versão não é verdadeira.
O professor Ricardo tem um exemplar do “Almanaque Mineiro”, e esse contém outra versão de Bernardo Saturnino da Veiga que afirma que houve briga por muitos anos. O padre Lourenço não era bem visto pelo pessoal daqui, e a briga não era devido a intenção de levar a Santa, mas de não querer residir aqui. Relata ainda Saturnino que houve luta, pois a população resistiu à ordem superior que mandava transportar imagens e ornamentos para a capela de São José.
Nada foi documentado pela igreja no livro do tombo. Tudo é passado pela oralidade, ou seja, é contado pelos nossos avós e bisavós que vivenciaram o fato.
Tainara Nunes

Uma vez, há 500 anos      

Miguel Garcia Velho formou uma Bandeira à época em que Taubaté era um povoado da Capitania de São Vicente, no Vale do Rio Paraíba,e tinha acabado de ganhar autorização da Coroa portuguesa para fundir ouro.Foi quando lá chegou um índio (da etnia puri-coroados) dos que habitavam o alto da Serra da Mantiqueira. Levava ouro para fundir.

Miguel Garcia Velho subiu a Serra da Mantiqueira e descobriu, em 1703, minas às margens do Rio Santo Antônio, em frente a uma grande cachoeira (do Itagyba), denominado o local de "Minas Novas de Itagyba". Aí ele iniciou o povoamento da região, o Arraial de Nossa Senhora da Soledade de Itagyba,a atual Delfim Moreira,a primitiva Itajubá.

Ocorreu-me escrever sobre as origens de Miguel Garcia Velho, seus antepassados, a vinda deles ao Brasil e a presença deles por estas Terras.

Miguel Garcia Velho,bisneto de Antônio Rodrigues, neto de Garcia Rodrigues, filho do Capitão Jorge Dias Velho, e pai do Padre Francisco Homem del-Rei que erigiu a primeira capela em Belo Horizonte.

Miguel Garcia Velho casou-se com Leonor Homem de del Rei, filha de Tomé Portes del Rei. Um dos filhos Miguel Garcia Velho, o Padre Francisco Homem del-Rei erigiu a primeira Capela e chamada de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del Rei em Belo Horizonte, então sede da freguesia do mesmo nome instituída, de fato em 1718.

                                            Nota:A região de Belo Horizonte começou a ser povoada em 1701, pelo                                                     bandeirante João Leite Ortiz. Em suas terras, nasceu o arraial de Curral del-                                                 Rei, em 1707, nome que iria perdurar até a fundação da nova cidade. A                                                       cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, tem história recente, num                                               Estado de antigas tradições. Foi fundada em 12 de dezembro de 1897.

O pai de Miguel Garcia Velho era o Capitão Jorge Dias Velho, fundador de Caçapava Velha. Era um rico bandeirante nascido na Província de São Paulo,casado com Dona Sebastiana de Unhate e residia nas proximidades de Taubaté. O Capitão Jorge Dias Velho era filho de Garcia Rodrigues e de Isabel Velho.

Garcia Rodrigues e sua mulher Isabel Velho eram naturais do PortoPortugal, que, por volta de 1540 vieram para o Brasil com Martim Afonso de Sousa. Foram para São Vicente trazendo seus filhos em companhia. Garcia Rodrigues faleceu em Santos, onde estava morando, em 1590.

O pai de Garcia Rodrigues, o bisavô de Miguel Garcia Velho, era Antônio Rodrigues, que junto com João Ramalho foram os primeiros povoadores europeus da Capitania de São Vicente no litoral e nos Campos de Piratininga, uma vez, há 500 anos.



Notas:
1. O nome “Mantiqueira” deriva da palavra tupi-guarani “Amantikir”, a serra que chora, nome dado ao belo lugar pelos índios que habitavam a região.
2. Itagybá é pedra amarela na língua indigena, neste caso referindo-se ao ouro.
3. "Taubaté" é um nome tupi que significa "aldeia alta", de taba ("aldeia") e ybaté ("alta")
4. Houve outro Miguel Garcia Velho, casado com Catarina Varejão, falecido em 1654, irmão de um Garcia Rodrigues Velho.

Eduardo D’Soares

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Visita ao Bairro São Bernardo

A história do Sr. Horácio e Dª Ana

Horácio Raimundo Ferreira, um senhor de 77 anos é casado com Ana Maria Ferreira de 72 anos. Sr. Horácio morador do bairro São Bernardo desde seu nascimento, participou de um grupo escolar até o 4º ano.
Sr. Horácio e Dª Ana tiveram oito filhos, todos eles nasceram no hospital-escola em Itajubá e também frequentaram a escolinha do bairro, tendo com,o professora a Dona Maria. Uma filha faleceu aos 15 anos por causa da diabetes. Hoje seus sete filhos vivos são casados, somando à família dezesseis netos e três bisnetos.
Sr. Horácio e Dª Ana, assim como todos os moradores do São Bernardo, enfrentaram a falta de médico, o frio e o barro que atingia até 50 cm de espessura. Para irem à igreja, eles carregavam seus filhos no colo, porque na ocasião não havia transporte. Dona Ana nos contou que os brinquedos de seus filhos eram feitos por eles mesmos  - porquinho de chuchu, canoa  de folha de bananeira que escorregava no pasto, porquinho de batata, esconde-esconde etc.
Sr. Horácio trabalhou na pecuária, hoje é aposentado, mas ainda tem suas vaquinhas para o leite do uso e a produção de queijo caseiro. Sua esposa Dª Ana produz artesanato (ponto-cruz e crochê), não é aposentada, também cultiva seus chás e ervas.
 Lígia Ferreira de Souza.








































Imagens: Camila Sapucci e Mateus Ribeiro.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Visita ao Bairro Charco


No Charco...

O Bairro Charco localiza-se bem distante do centro da cidade de Delfim Moreira – a 35 km ,a uma altitude de 1720 m – curioso que fica só a 6 km de Campos do Jordão. Parte do bairro situa-se no município de Wenceslau Braz . Chegamos lá por volta de 9h e fomos recebidos pela geada.
No inverno a temperatura chega a ser menor que em Campos Jordão, disse que já chegou a -7 C° e que em 2011 a temperatura foi de -10 C°. No mesmo ano, chegou a nevar, essa neve é conhecida como a "Neve Preta", ela ia queimando o mato e se saísse de casa era perigoso queimar a pele.

 Em nossa conversa com a SrªElina, a proprietária da Serraria Serra Negra , conhecemos um pouco da história local .


Elina- proprietária da Serraria Serra Negra





Segundo DªElina, há aproximadamente 5 anos foi desativada a criação de trutas do Sr. Nelson Rocha Faria.“Essa atividade foi importante para o bairro, pois era um ponto turístico , as pessoas que que vinham a passeio nas casas do bairro iam até o salmonário para conhecer, era bonito de ver... Além de atrair pessoas para cá, o empreendimento era um meio de gerar trabalho, pois assim tirava as crianças das ruas e ensinava a dignidade do trabalho. Os meninos  ganhavam experiência nos laboratórios, fazendo a desova ou tratando dos peixes. Hoje a atividade econômica do Charco  está ligada apenas à Serraria”, disse ela.

  Atualmente apenas umas 20 famílias vivem no Charco. A maioria das casas pertencem a pessoas de São Paulo e do Rio de Janeiro,que procuram a paz e harmonia do lugar. O que dificulta o desenvolvimento é a distância do acesso aos supermercados e hospitais, pois quando precisam de ambos têm que ir a Itajubá. Delfim Moreira, mesmo, nunca procuram, sentem-se até abandonados pela administração municipal.
           Segundo os moradores, os apelos de manutenção da estrada e transporte escolar que seria obrigação da prefeitura de Delfim, geralmente são atendidos pela administração pública de Wenceslau Braz. Elina lamenta: “ Aqui nós não temos nem iluminação pública ainda...”
         Pelo bairro passam turistas que vão para Campos e muitos romeiros. Os moradores do bairro já estão acostumados com os romeiros de Aparecida, pois há um galpão onde eles passam a noite.
        Uma curiosidade interessante é que os senhores mais velhos contam e afirmam que existe um cemitério, onde eram enterrados escravos no meio das altas montanhas.
Mariana Sapucci


Ontem fui ao Bairro do Charco.

 Fui ao Bairro do Charco no ônibus da Escola Marquês de Sapucaí acompanhando os alunos e os Professores Ana Paiva e Janderson Oliveira que constroem o Projeto Estrada Afora que tem a finalidade de registrar a descrição dos bairros desta Delfim Moreira.
Foram 35 km de curvas de estrada até chegar ao Charco, que fica no extremo oeste do município de Delfim Moreira na divisa com Wenceslau Braz, e divisa também com os municípios paulistas do vale do Paraíba e o de Campos do Jordão. O Charco dista 6 km de Campos de Jordão e 35 km do centro de Delfim Moreira. Na realidade uma parte do lugar chamado Charco pertence ao município de Wenceslau Braz. Coisas de fronteira.
Ao chegar o ônibus parou na entrada do bairro, junto a uma cerca alta, muita alta, de ciprestes alinhados ao longo da estrada, com altura de quase dez metros e com ramagens densas e fechadas. Lá no topo o pássaro preto anunciou repetidas vezes a nossa chegada. Era uma invasão, ele devia ter pensado, pois chegaram de fora duas dezenas de seres a este lugar onde só se vê o silêncio.

O grupo saiu com sofreguidão rua acima a fotografar as casas de madeira. Sim, porque as casas no Charco são quase todas de madeira porque lá é o material de mais fácil acesso para construir. Tem uma capela e logo em seguida estava uma serraria que explica a arquitetura do lugar. Entramos na serraria Serra Negra e conversamos com os empregados e com a proprietária Elina, professora de formação, que recebeu o grupo com cortesia, desembaraço e contou tudo o que era o Charco. Ela sabe a história porque o Charco é a história da família dela, empreendedora, que ali se estabeleceu.
O Charco é um bairro que nasceu da coragem do avô Zico Faria que era proprietário de uma fazenda imensa neste bairro do Charco, alguns dos filhos também se fixaram e gostaram da terra, e hoje no bairro do Charco estão seus netos e bisnetos, claro, nem todos. É uma história de coragem, de luta, de renovação e de realização.
  • O avô fez no começo do séc. XIX com carvoaria, com muitos carvoeiros trabalhando. O Charco nessa é poça tinha mais gente que tem hoje. A carvoaria já não existe mais.
  • A família montou toda a infraestrutura para criar trutas industrialmente, com muitos poços, agora abandonados por razões comerciais.
  • O avô montou uma serraria movida a água em 1950, já desativada.
  • Agora toda a atividade está na nova serraria, enorme, instalação ampliada e movida a motores elétricos.
O Bairro do Charco existe pela presença do avô que assentou os filhos à terra e deu emprego a trabalhadores que ali se fixaram. Zico Faria era festeiro e fazia forró, com sanfoneiro e zabumba, todo o fim de semana na casa da fazenda. Mantinha a alegria de viver no Charco. Hoje a o bairro do Charco tem uma dependência existencial da serraria. É ela quem provê a atividade e os empregos.
O que tem no Charco? Hoje a energia elétrica é da Cemig. Tem comunicação por rádio. O Charco não tem mercearia, nem serviço médico, açougue, escola, correio, telefone, nem água tratada. Quanto ao serviço religioso, o padre atende uma vez ao mês, informaram. Tem um sinal de telefone celular que (quando) se pega é do 012 de Campos de Jordão-SP. A TV é parabólica. Delfim Moreira não providencia ônibus aos alunos que acabaram por se matricular nas escolas de Wenceslau Braz, que provê o transporte deles. “Nós pagamos todos os impostos”, foi o comentário feito, “mas estamos abandonados e quando nos apresentamos para pedir ajuda a resposta é que - precisa estudo mais profundo”.
O Charco é um bairro lindo, simples, de gente educada e trabalheira da serraria, do trator que puxa as toras, do caminhão que vai pegar a madeira, dos caseiros que cuidam das casas de campo de quem sonha e pode ter um lugar de silêncio e paz para descansar.
Voltamos ao ônibus. No topo do cipreste o pássaro preto redobrou o assobio e todos nós paramos para receber a homenagem solo de despedida. Esse canto de pássaro, para nós, agora só existe na memória.
 Eduardo Soares


















































Imagens: Camila Sapucci, Janderson Oliveira e Mateus Ribeiro.