sábado, 14 de setembro de 2013

Depoimentos

Nesta Postagem serão colocados vários depoimentos  de alunos, professores e comunidade local a respeito do Projeto Escola Estrada Afora.







"Aos amigos,

Por curiosidade, hoje vos falo do lugar onde eu moro.

Através da Escola Marquês de Sapucaí, quero apresentar-lhes Delfim Moreira, lugar pequeno de oito mil habitantes, onde moro e que é a terra dos antepassados da Ângela minha esposa, que foram industriais e um deles governador (prefeito) daqui.

No site da Escola está um arsenal de dados que recém começou a ser compilado pelos alunos da escola. Imaginem quando ficar pronto.Até eu escrevi uns textos que foram aceitos e estão publicados no site.
Mas acho que um trabalho destes precisa de uma introdução:

Nos Estados Unidos existiram as caravanas. No Brasil as entradas pelo interior foram chamadas de Bandeiras, nos séculos de desbravamento. A América tem livros, histórias e inúmeros filmes das caravanas dos ingleses e de outros emigrantes; no Brasil tem quase nada, ou nada, das Bandeiras. E o mesmo acontece com as dezenas de fortes ao longo da longa costa do Brasil que têm pouco registro de história de suas lutas pela defesa do Brasil e hoje alguns desses fortes passam por mero cartão postal de ruínas. As Bandeiras dos portugueses passaram além de Tordesilhas e além da dor para construir este imenso Brasil que agora é meu País, dos meus filhos e dos meus netos. Todo o ouro que os portugueses tivessem encontrado não pagaria as vidas que se foram na construção deste nosso imenso Brasil.

Fundada em 1703, pelo Bandeirante português Miguel Garcia Velho, o lugar onde moro fica na cordilheira da Serra da Mantiqueira, a 1.200 m de altitude, na metade da distância entre São Paulo de Piratininga e de São Sebastião do Rio de Janeiro, que à época já existiam. Delfim Moreira era um arraial que tinha umas minas de ouro que rápido se exauriram. Um século depois, em 1819, o Padre Lourenço abandonou este lugar. Segundo os historiadores o Padre Lourenço levou os escravos dele, juntou 80 famílias e fundou uma nova cidade que hoje tem mais de 50 mil habitantes no Vale do Rio Sapucaí, a 25 km daqui. Uma década depois, em 1832, esse mesmo Padre Lourenço voltou em procissão para atacar e tentar levar a Santa padroeira que tinha ficado para trás. Houve batalha, mas o invasor não a levou. O povo deste lugar aprendeu a dar respeito ao seu valor. O Padre Lourenço nem podia levar o que mais divino tem este lugar que é a beleza da cordilheira da Serra da Mantiqueira, seus rios, cachoeiras, árvores, pássaros e, acima de tudo, a valorosa atitude de sua gente. O povo daqui aprendeu a se guardar. É um povo feliz e calado que guarda com orgulho seus segredos de antepassados, preserva suas tradições e criou solidez de caráter através de gerações. Todas as casas têm histórias, contos, lendas, objetos, fotos deste lugar que sobreviveu tenazmente às rejeições, aos ataques e ao isolamento.

Para isso chegou o Projeto Estrada Afora.

A escola Marquês de Sapucaí criou um Projeto acadêmico, o Projeto Estrada Afora, para registrar tudo por aqui. Os alunos agora são os Bandeirantes que vistam os bairros, fotografam, filmam, entrevistam, pesquisam, escrevem, editam e publicam. Vale mencionar da liderança que coube à Professora Ana Paiva empurrar essa garotada e harmonizá-la, com o suporte e apoio do Aurelino diretor da Escola e com a colaboração do valoroso corpo docente da Escola, que são um rol imenso de colaboradores dos quais que seria injusto falhar um ao tentar fazer uma lista exaustiva de todos eles, até os que em silêncio não se cansam de colaborar. A Professora Ana Paiva já tinha desenvolvido um método de ensinar redação que permitiu que cinco dos seus alunos ganhassem prêmios de literatura estaduais e nacional sendo um deles na Academia Brasileira de Letras. São alunos orgulhosos de seu aprendizado, além dos muitos outros que viram seus textos publicados no livro “Oficina do Lapidário”, produto dos ensinamentos de redação da Professor Ana Paiva, e que hoje está disponível no site do Projeto Lapidar. Todos estão de mangas arregaçadas a trabalhar no Projeto Estrada Afora."
Eduardo Soares

sábado, 7 de setembro de 2013

Visita ao bairro Quatis - município de Marmelópolis

Projeto Ciência em Ação
         Assim vamos acompanhando a ciência tal como se constrói o primeiro passo, dentro de um laboratório, observando os comportamentos e as práticas dos alunos. Sabemos que a ciência não é acabada, e por isso temos várias surpresas todas as vezes que confrontamos a teoria com a prática. E através do Projeto Escola Estrada Afora, podemos concretizar os estudos de campo, sentir o gosto de descobrir o mundo além dos muros da escola. Aprender e observar mais que figura no livro é sentir o prazer da descoberta, ratificando a veracidade das informações adquiridas; é valorizar o bioma em que vivemos, respeitando tanto a fauna quanto a flora e observando a interação das mesmas com o biótipo; é sistematizar, qualificar e catalogar espécies de plantas e insetos; é estar preparado para cometer erros e também aprender com os mesmos; é sair do conforto e comodidade da sala de aula e desbravar um mundo novo de conhecimento e descoberta.
                                                                                        Prof. Marcelo Alexandre Alves






A VISITA
       
          Ir ao bairro Quatis não foi nada fácil, o caminho não era dos melhores, pedregoso e muito poeirento, por muitas vezes uma verdadeira cortina de fumaça invadia o ônibus, mas tais adversidades não foram um empecilho. Subimos a montanha, com o ônibus inundado por uma onda de expectativa e farra, que não poderia fazer menos que nos animar. Nas janelas, paisagens se mostravam imponentes, as mais tímidas se escondiam em cada curva. Víamos pequenos córregos, fragmentos de mata, pequenas casas simples se destacavam com calma, passivas ao ônibus que as observava com ar curioso.
 
     Por muitas vezes, a estrada tortuosa se abria num grandioso vale, que não poderia nos reservar menos que maravilhas, a gente e os costumes. O ônibus passava por tudo aquilo com algazarra, mas não era uma algazarra ruim, e sim a confusão da descoberta, quando olhávamos para nós mesmos vemos que tudo aquilo faz parte de nosso rotina, e certamente nos sentimos contentes por saber que, de alguma maneira, fazemos parte de tudo aquilo, de toda aquela gente. Por isso, não visitamos estranhos, visitamos a nossa comunidade, pessoas tão encantadoras que até lamento não tê-las conhecido antes, com toda sua sabedoria, seus hábitos e até conhecimentos medicinais. Interessante saber que há pessoas que fazem da mata sua própria farmácia, gente que só clama que todo o seu tesouro cultural não seja jogado no lixo, como moedas gastas. Moedas o que vi, sim. Um verdadeiro tesouro escondido por trás das montanhas de Minas, um tesouro que vale mais do que qualquer joalheiro poderia avaliar; um tesouro que não é eterno e que, constantemente, faz o apelo para quem estiver predisposto, pelo menos tentar compreendê-lo e respeitá-lo.

Luiz augusto Fernando Guimarães
(Quero ser conhecedor desse tesouro que nem eu mesmo conheço, mas que me fascina só de imaginar, o quanto ainda existe para ser descoberto)...