quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Fatos Históricos - Delfim Moreira

Histórico da cidade :  A entrada das bandeiras

       

     Miguel Garcia Velho foi o bandeirante que desbravou corajosamente as terras onde hoje se encontra Delfim Moreira. Este vinha em busca de ouro, em 1703.
        Mas foi no dia  17 de Dezembro de 1.938 que a pequena cidadezinha pacata ganhou nome e identidade, porém, antes de toda essa cidade ganhar um meio e um fim, temos que voltar ao tempo e descobrir mais sobre sua origem. 
        Anteriormente, “Descoberto de Itajybá”, “Nossa Senhora da Soledade de Itajubá” e “Itajubá Velho” foram os nomes sugeridos para serem colocados a nova cidade que se formava, nomes que se relacionam muito mais ao fato de que Delfim fazia parte do município de Itajubá.
          Há quem diga que foi Miguel Garcia Velho que deu o primeiro passo em solo delfinense, já outros supõem que foi Manoel de Borba Gato que chegou primeiro, a questão é que ambos vinham  com o mesmo objetivo, descobrir ouro por essas redondezas. Miguel se estabeleceu aqui, com intenção de fundar um povoado, logo após ter descoberto uma mina de ouro, indicada por um índio. Contam-se que, certa vez, em Taubaté, ele encontrou um índio que ostentava um adereço de ouro e quando lhe perguntou sobre onde tinha encontrado aquela pedra amarela (Itagybá), o índio o trouxe até aqui na “Cachoeira de Itagyba”...
         Durante um longo tempo, houve muitas discussões sobre os limites entre MG e SP, após 3 anos de disputa territorial, suas fronteiras foram delimitadas pela Serra da Mantiqueira, tornando Descoberto de Itajubá, parte do termo da Vila de São João D'Rei. Os primeiros habitantes adotaram Nossa Senhora da Soledade como padroeira local e ,a cada ano, sua estrutura era melhorada, até que então foi erguida uma matriz mais imponente.
Com as mudanças territoriais, o Bispado de Mariana tomou posse, temporariamente das paróquias de São Paulo, presentes na região, que já se constituía como sul de Minas.
       Enquanto a realização da extração de ouro se mostrava lucrativa, constituía-se a freguesia de Nossa Senhora da Soledade de Itajubá de 1.762. Mas  a ausência de atrativos e o difícil acesso a outras regiões da colônia contribuíram para que muitos habitantes deixassem o arraial, o qual passou a ter poucos moradores e pequenos estabelecimentos voltados à atividade de subsistência. Segundo relatos, houve um grande êxodo de pessoas que foram tentar a vida nas margens do Rio Sapucaí ,comandados pelo Padre Lourenço da Costa Moreira, que era  vigário da Igreja Nossa Senhora da Soledade de Itajubá... mas isso é outra história : O episódio da Ponte do Encontro.
Lívia Venturelli


          A agricultura e a pecuária de subsistência eram as principais atividades econômicas da época. Através do Barão da Bocaina, o marmelo e outras frutas europeias chegaram à região, mudando o seu perfil econômico. Assim, a primeira fábrica de doces foi instalada, tendo início a exportação de polpa de frutas para outras regiões do país.
        De acordo com o plano de inventario municipal, o florescimento econômico levou o distrito ao desenvolvimento urbano e crescimento populacional, elementos que contribuíram para a instalação de um ramal ferroviário nas redondezas, isso em 1928, um ano após a inauguração de uma estação.
       
A partir de então, a região desenvolveu atividades industriais e comerciais que influenciaram no desenvolvimento local. “Doces Mantiqueira”, “União”, “Peixe”, “Colombo” e “Cica” foram algumas das fábricas que se instalaram aqui . Na década de 60, o auge da comercialização do marmelo, tornou Delfim Moreira um ponto de referência na elaboração de uma das mais famosas guloseimas do Brasil: a marmelada.

Gabriela Siqueira





O Episódio da Ponte do Encontro

Passando pela Ponte do Encontro percebi que não havia nada que pudesse mostrar o quanto é importante essa ponte para a nossa cidade, do ponto de vista histórico-cultural. Ao procurar informações sobre ela nada encontrei. Nem mesmo no livro de tombo, que pertence à igreja, tem relatos desse acontecimento, já que o fato é de total importância religiosa.
                Comentei o fato de não haver relatos sobre a Ponte do Encontro com minha professora de português, que me disse ser importante ter informações concretas sobre o fato, já que com o Projeto Escola Estrada Afora estamos resgatando a identidade cultural e histórica de nossa cidade. Sendo assim, convidamos o professor Sérgio Ricardo de Faria, que conhece muito da história da nossa cidade para fazer alguns esclarecimentos.
    
Professor Sérgio Ricardo

        No dia 10 de julho, na sala de recursos audiovisuais, lá estávamos nós alunos do 2ºV, juntamente com os professores Marcelo e Ana Paiva, assistindo à palestra sobre o episódio da  Ponte do Encontro.
Segundo o professor Ricardo, há um relato nos documentos de Geraldino Campista que escreveu a memória histórica de Delfim Moreira de 1703 a 1832.
Professor Sérgio Ricardo com os alunos do 2°V
O Campista afirmou que depois da morte do padre que residia em Delfim, o governo brasileiro, em especial a Corte,  que residia no RJ, nomeou o padre Lourenço da Costa Moreira,  porque ele já era um funcionário do estado, que veio para cá a fim de cuidar do Arraial de Soledade de Itajubá e da igreja de Nossa Senhora da Soledade pertencente, na época, a SP.  O padre veio para cá achando que aqui tinha muito ouro, mas  quando aqui chegou, o ouro já estava em decadência. E, como ele  não se acostumou com o clima daqui , porque o frio era muito intenso - terra de geadas -, ele procurou outro lugar para viver e alguns fiéis o seguiram, descendo pelas margens do Rio Sapucaí e Santo Antônio.
Assim, o padre Lourenço fixou-se na Fazenda Boa Vista, onde já tinha uma igrejinha que era dedicada a São José e, naquele tempo, as pessoas eram obrigadas a fazer a desobriga, ou seja, ir uma vez por mês à missa, porque exigia-se até a chamada. Naquela época, era aceito apenas o catolicismo aqui no Brasil. Dessa forma, as pessoas começaram a se rebelar contra o padre porque queriam que ele ficasse na capela matriz, já que a da Boa Vista ficava longe. Em contrapartida, Padre Lourenço começou a brigar com o povo. De tanta insistência do padre ele conseguiu transferir a sede do arraial para Boa Vista.
Com isso, tudo que pertencia à Matriz Nossa Senhora da Soledade, imagens, paramentos, livro do tombo,de casamento e batizado teria de ser levado para nova igreja que passou também a ser a nova sede da freguesia, já com novo nome Itajubá Nova. O Campista afirma que não houve briga entre a população daqui com a de lá, já que o padre, percebendo que iria haver briga disse que deixaria a imagem. Porém essa versão não é verdadeira.
O professor Ricardo tem um exemplar do “Almanaque Mineiro”, e esse contém outra versão de Bernardo Saturnino da Veiga que afirma que houve briga por muitos anos. O padre Lourenço não era bem visto pelo pessoal daqui, e a briga não era devido a intenção de levar a Santa, mas de não querer residir aqui. Relata ainda Saturnino que houve luta, pois a população resistiu à ordem superior que mandava transportar imagens e ornamentos para a capela de São José.
Nada foi documentado pela igreja no livro do tombo. Tudo é passado pela oralidade, ou seja, é contado pelos nossos avós e bisavós que vivenciaram o fato.
Tainara Nunes

Uma vez, há 500 anos      

Miguel Garcia Velho formou uma Bandeira à época em que Taubaté era um povoado da Capitania de São Vicente, no Vale do Rio Paraíba,e tinha acabado de ganhar autorização da Coroa portuguesa para fundir ouro.Foi quando lá chegou um índio (da etnia puri-coroados) dos que habitavam o alto da Serra da Mantiqueira. Levava ouro para fundir.

Miguel Garcia Velho subiu a Serra da Mantiqueira e descobriu, em 1703, minas às margens do Rio Santo Antônio, em frente a uma grande cachoeira (do Itagyba), denominado o local de "Minas Novas de Itagyba". Aí ele iniciou o povoamento da região, o Arraial de Nossa Senhora da Soledade de Itagyba,a atual Delfim Moreira,a primitiva Itajubá.

Ocorreu-me escrever sobre as origens de Miguel Garcia Velho, seus antepassados, a vinda deles ao Brasil e a presença deles por estas Terras.

Miguel Garcia Velho,bisneto de Antônio Rodrigues, neto de Garcia Rodrigues, filho do Capitão Jorge Dias Velho, e pai do Padre Francisco Homem del-Rei que erigiu a primeira capela em Belo Horizonte.

Miguel Garcia Velho casou-se com Leonor Homem de del Rei, filha de Tomé Portes del Rei. Um dos filhos Miguel Garcia Velho, o Padre Francisco Homem del-Rei erigiu a primeira Capela e chamada de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del Rei em Belo Horizonte, então sede da freguesia do mesmo nome instituída, de fato em 1718.

                                            Nota:A região de Belo Horizonte começou a ser povoada em 1701, pelo                                                     bandeirante João Leite Ortiz. Em suas terras, nasceu o arraial de Curral del-                                                 Rei, em 1707, nome que iria perdurar até a fundação da nova cidade. A                                                       cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, tem história recente, num                                               Estado de antigas tradições. Foi fundada em 12 de dezembro de 1897.

O pai de Miguel Garcia Velho era o Capitão Jorge Dias Velho, fundador de Caçapava Velha. Era um rico bandeirante nascido na Província de São Paulo,casado com Dona Sebastiana de Unhate e residia nas proximidades de Taubaté. O Capitão Jorge Dias Velho era filho de Garcia Rodrigues e de Isabel Velho.

Garcia Rodrigues e sua mulher Isabel Velho eram naturais do PortoPortugal, que, por volta de 1540 vieram para o Brasil com Martim Afonso de Sousa. Foram para São Vicente trazendo seus filhos em companhia. Garcia Rodrigues faleceu em Santos, onde estava morando, em 1590.

O pai de Garcia Rodrigues, o bisavô de Miguel Garcia Velho, era Antônio Rodrigues, que junto com João Ramalho foram os primeiros povoadores europeus da Capitania de São Vicente no litoral e nos Campos de Piratininga, uma vez, há 500 anos.



Notas:
1. O nome “Mantiqueira” deriva da palavra tupi-guarani “Amantikir”, a serra que chora, nome dado ao belo lugar pelos índios que habitavam a região.
2. Itagybá é pedra amarela na língua indigena, neste caso referindo-se ao ouro.
3. "Taubaté" é um nome tupi que significa "aldeia alta", de taba ("aldeia") e ybaté ("alta")
4. Houve outro Miguel Garcia Velho, casado com Catarina Varejão, falecido em 1654, irmão de um Garcia Rodrigues Velho.

Eduardo D’Soares

3 comentários:

  1. Excelente trabalho. Parabéns Tainara Nunes.
    Transcrevo um trecho adaptado da "História de Itajubá" que relata em outras palavras o "Encontro", já que Itajubá nasceu de um êxodo de habitantes de Delfim Moreira.
    “Passada a 'febre do ouro' em Soledade de Itajubá fundada em 1703 (hoje Delfim Moreira) o arraial começou a decair e muitas famílias começaram a abandonar a cidade.
    O vigário local, padre Lourenço da Costa Moreira, sabendo que o clima de Soledade de Itajubá era impróprio para o desenvolvimento da lavoura, conclamou os moradores para buscarem novas paragens, que fossem mais propícias para o desenvolvimento.
    Na noite de 17 de março de 1819, o Vigário reuniu, na Matriz, os fiéis que o seguiriam. Na manhã do dia 18, após a missa, a caravana composta por 80 famílias rumou para as margens do Rio Sapucaí e iniciaram a histórica descida. Eram os pioneiros da nova Matriz, que partiam com a missão de fundar a 'nova' paróquia hoje chamada de Itajubá.
    Em 1832, o Padre organizou uma procissão até Soledade de Itajubá (hoje Delfim Moreira), com o propósito de trazer de lá as alfaias, os paramentos e a imagem de Nossa Senhora da Soledade.
    Como o fato chegou antecipado ao conhecimento dos moradores de Soledade de Itajubá, seus homens, armados, esperaram a procissão invasora no meio do caminho, na ponte de acesso ao arraial, impedindo que a caravana obtivesse êxito em seus objetivos. O local de refrega ficou, até hoje, conhecido com o nome de ponte do "Encontro".
    Não dado por vencido, o Padre Lourenço mandou esculpir em Itajubá uma imagem igual à da Matriz Velha, substituindo, assim, a imagem de São José que existia pela de Nossa Senhora da Soledade, escultura que até hoje se conserva naquela Matriz.”

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  2. Olá, sou bisneto do Srm José Aires de Oliveir (Zeca Camarada) homem conhecido na região, mas nunca tive.contato com a família, gostaria de tecer informações sobre a história da família. Será que podiam me.ajudar? Meu Nome é Ricardo Oliveira. Email ricardopoliveira09@gmail.com. Moro em.Paulinia sp.

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  3. Olá, sou bisneto do Srm José Aires de Oliveir (Zeca Camarada) homem conhecido na região, mas nunca tive.contato com a família, gostaria de tecer informações sobre a história da família. Será que podiam me.ajudar? Meu Nome é Ricardo Oliveira. Email ricardopoliveira09@gmail.com. Moro em.Paulinia sp.

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