No Charco...
O Bairro Charco localiza-se bem distante do centro da cidade de Delfim Moreira – a 35 km ,a uma altitude de 1720 m – curioso que fica só a 6 km de Campos do Jordão. Parte do bairro situa-se no município de Wenceslau Braz . Chegamos lá por volta de 9h e fomos recebidos pela geada.Elina- proprietária da Serraria Serra Negra |
Segundo DªElina, há aproximadamente 5 anos foi desativada a criação de trutas do Sr. Nelson Rocha Faria.“Essa atividade foi importante para o bairro, pois era um ponto turístico , as pessoas que que vinham a passeio nas casas do bairro iam até o salmonário para conhecer, era bonito de ver... Além de atrair pessoas para cá, o empreendimento era um meio de gerar trabalho, pois assim tirava as crianças das ruas e ensinava a dignidade do trabalho. Os meninos ganhavam experiência nos laboratórios, fazendo a desova ou tratando dos peixes. Hoje a atividade econômica do Charco está ligada apenas à Serraria”, disse ela.
Atualmente apenas umas 20 famílias vivem no Charco. A maioria das casas pertencem a pessoas de São Paulo e do Rio de Janeiro,que procuram a paz e harmonia do lugar. O que dificulta o desenvolvimento é a distância do acesso aos supermercados e hospitais, pois quando precisam de ambos têm que ir a Itajubá. Delfim Moreira, mesmo, nunca procuram, sentem-se até abandonados pela administração municipal.
Segundo os moradores, os apelos de manutenção da estrada e transporte escolar que seria obrigação da prefeitura de Delfim, geralmente são atendidos pela administração pública de Wenceslau Braz. Elina lamenta: “ Aqui nós não temos nem iluminação pública ainda...”
Pelo bairro passam turistas que vão para Campos e muitos romeiros. Os moradores do bairro já estão acostumados com os romeiros de Aparecida, pois há um galpão onde eles passam a noite.
Uma curiosidade interessante é que os senhores mais velhos contam e afirmam que existe um cemitério, onde eram enterrados escravos no meio das altas montanhas.
Fui
ao Bairro do Charco no ônibus da Escola Marquês de Sapucaí acompanhando os
alunos e os Professores Ana Paiva e Janderson Oliveira que constroem o Projeto
Estrada Afora que tem a finalidade de registrar a descrição dos bairros desta
Delfim Moreira.
O grupo saiu com sofreguidão rua acima a fotografar as casas de madeira. Sim, porque as casas no Charco são quase todas de madeira porque lá é o material de mais fácil acesso para construir. Tem uma capela e logo em seguida estava uma serraria que explica a arquitetura do lugar. Entramos na serraria Serra Negra e conversamos com os empregados e com a proprietária Elina, professora de formação, que recebeu o grupo com cortesia, desembaraço e contou tudo o que era o Charco. Ela sabe a história porque o Charco é a história da família dela, empreendedora, que ali se estabeleceu.
Eduardo Soares
Segundo os moradores, os apelos de manutenção da estrada e transporte escolar que seria obrigação da prefeitura de Delfim, geralmente são atendidos pela administração pública de Wenceslau Braz. Elina lamenta: “ Aqui nós não temos nem iluminação pública ainda...”
Pelo bairro passam turistas que vão para Campos e muitos romeiros. Os moradores do bairro já estão acostumados com os romeiros de Aparecida, pois há um galpão onde eles passam a noite.
Uma curiosidade interessante é que os senhores mais velhos contam e afirmam que existe um cemitério, onde eram enterrados escravos no meio das altas montanhas.
Mariana Sapucci
Ontem fui ao Bairro do Charco.
Foram
35 km de curvas de estrada até chegar ao Charco, que fica no extremo oeste do
município de Delfim Moreira na divisa com Wenceslau Braz, e divisa também com
os municípios paulistas do vale do Paraíba e o de Campos do Jordão. O Charco
dista 6 km de Campos de Jordão e 35 km do centro de Delfim Moreira. Na
realidade uma parte do lugar chamado Charco pertence ao município de Wenceslau
Braz. Coisas de fronteira.
Ao
chegar o ônibus parou na entrada do bairro, junto a uma cerca alta, muita alta,
de ciprestes alinhados ao longo da estrada, com altura de quase dez metros e
com ramagens densas e fechadas. Lá no topo o pássaro preto anunciou repetidas
vezes a nossa chegada. Era uma invasão, ele devia ter pensado, pois chegaram de
fora duas dezenas de seres a este lugar onde só se vê o silêncio.
O grupo saiu com sofreguidão rua acima a fotografar as casas de madeira. Sim, porque as casas no Charco são quase todas de madeira porque lá é o material de mais fácil acesso para construir. Tem uma capela e logo em seguida estava uma serraria que explica a arquitetura do lugar. Entramos na serraria Serra Negra e conversamos com os empregados e com a proprietária Elina, professora de formação, que recebeu o grupo com cortesia, desembaraço e contou tudo o que era o Charco. Ela sabe a história porque o Charco é a história da família dela, empreendedora, que ali se estabeleceu.
O
Charco é um bairro que nasceu da coragem do avô Zico Faria que era proprietário
de uma fazenda imensa neste bairro do Charco, alguns dos filhos também se
fixaram e gostaram da terra, e hoje no bairro do Charco estão seus netos e
bisnetos, claro, nem todos. É uma história de coragem, de luta, de renovação e
de realização.
- O
avô fez no começo do séc. XIX com carvoaria, com muitos carvoeiros
trabalhando. O Charco nessa é poça tinha mais gente que tem hoje. A
carvoaria já não existe mais.
- A
família montou toda a infraestrutura para criar trutas industrialmente,
com muitos poços, agora abandonados por razões comerciais.
- O
avô montou uma serraria movida a água em 1950, já desativada.
- Agora
toda a atividade está na nova serraria, enorme, instalação ampliada e
movida a motores elétricos.
O
Bairro do Charco existe pela presença do avô que assentou os filhos à terra e
deu emprego a trabalhadores que ali se fixaram. Zico Faria era festeiro e fazia
forró, com sanfoneiro e zabumba, todo o fim de semana na casa da fazenda.
Mantinha a alegria de viver no Charco. Hoje a o bairro do Charco tem uma
dependência existencial da serraria. É ela quem provê a atividade e os
empregos.
O
que tem no Charco? Hoje a energia elétrica é da Cemig. Tem comunicação por
rádio. O Charco não tem mercearia, nem serviço médico, açougue, escola,
correio, telefone, nem água tratada. Quanto ao serviço religioso, o padre
atende uma vez ao mês, informaram. Tem um sinal de telefone celular que
(quando) se pega é do 012 de Campos de Jordão-SP. A TV é parabólica. Delfim
Moreira não providencia ônibus aos alunos que acabaram por se matricular nas
escolas de Wenceslau Braz, que provê o transporte deles. “Nós pagamos todos os
impostos”, foi o comentário feito, “mas estamos abandonados e quando nos apresentamos
para pedir ajuda a resposta é que - precisa estudo mais profundo”.
O
Charco é um bairro lindo, simples, de gente educada e trabalheira da serraria,
do trator que puxa as toras, do caminhão que vai pegar a madeira, dos caseiros
que cuidam das casas de campo de quem sonha e pode ter um lugar de silêncio e
paz para descansar.
Voltamos
ao ônibus. No topo do cipreste o pássaro preto redobrou o assobio e todos nós
paramos para receber a homenagem solo de despedida. Esse canto de pássaro, para
nós, agora só existe na memória.
Imagens: Camila Sapucci, Janderson Oliveira e Mateus Ribeiro.
Olá Mariana. Excelente o teu texto. Retrata bem a atração do lugar e a coragem de quem se estabelece ali. Permita-me acrescentar que o Bairro do Charco, por abandono, é um bairro satélite que gira em torno de outro município.
ResponderExcluirO Projeto Estrada Afora é uma união de forças imbatível. Além dos professores que não puderam participar desta ida ao Charco, foi bom ver a colaboração e o entusiasmo do professor Janderson Oliveira, também a alegria e o compromisso dos alunos, a vontade e liderança da Professora Ana Paiva. Tive o privilégio de ser convidado e de estar com este grupo. Agradeço.
ResponderExcluirFazer parte dessa equipe me enche de orgulho... Parabéns, Marquês!
ResponderExcluirBelo local, ja fui próximo, nas ruínas do sanatório. Proxima estico até lá. Uma lástima saber que está abandonado. Eleições estão aí, espero que alguém se lembre desse belo lugar.
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