Era o dia 29 de abril de 2013, quando uma equipe da reportagem do Jornal Prisma Cultural foi ao bairro Sengó conhecer o lugar onde mora o aluno Luiz Augusto Fernando Guimarães. Percorreu-se uma estrada estreita e arborizada, onde antigamente era uma linha ferroviária. Galhos de pereiras atrevidos adentravam as janelas do ônibus escolar e a paisagem era absorvida por olhos curiosos e admirados. Ao descer na estrada macia de poeira, subimos até a casa do Sr José Vieira, rodeada de laranjeiras e goiabeiras,quando contou um pouco de sua vida no Sengó, acerca de 40 anos. Ele foi um dos primeiros habitantes que migrou do Rio Comprido. As maiores dificuldades encontradas pelos moradores foram a falta de médico e a precariedade da estrada. Comentou que lá há uma espécie de pássaro que tem lhe chamado a atenção- o jacu- ave que se parece com uma Galinha de rabo e asas compridas, cabeça pequena e rabo longo. Onde há matas mais densas até algum tempo poderíamos encontrar veados, porém com o passar do tempo eles foram desaparecendo.
A equipe ficou encantada com o trabalho da Santa, filha do Sr
Zé Vieira que catequiza as crianças do bairro, na garagem de sua casa- uma
missão nobre...
Então,a equipe abriu mais uma porteira em direção à casa do Sr
José Tarcízio, o Zezinho Amaro, que nos recebeu muito bem. Relatou sobre seu
trabalho da aração de terras e exibiu, com o orgulho, o arado que o acompanhou
por 40 anos. Também contou causos de assombração; fez repentes e cantou músicas
da dupla Cedro e Cedrinho – não conheciam? Pois é, outrora, o Sr Geraldo
Ferreira e o Zé Roquinho já fizeram sucesso por essas estradas.
Além de contar sobre suas diversões na infância, como o jogo
de maia, o Sr Zezinho nos mostrou que sua visão a respeito da usina hidrelétrica
é positiva, porque contribui para o crescimento e desenvolvimento do bairro. E
apreciamos o crochê da dona Sebastiana...
E na simplicidade do Sengó, esconde-se um escritor: Luiz
Augusto. Um orgulho para o bairro e para o tio “Zezinho Amaro”.
Em seguida, realizamos uma longa escalada pela montanha até
chegar à casa do jovem escritor...uma casa rústica e simples afixada no topo de
uma colina, onde se pode contemplar a vista panorâmica do Sengó.
Fomos recebidos por seu pai Fernando, pelas irmãs Vanessa e
Luiza e pelo próprio Luiz Augusto. Em uma conversa com o pai, concluímos que
ele é presente e acompanha a vida escolar de seus filhos e reconhece que a
escola é fundamental, uma vez que ele mesmo não teve oportunidade de
frequentá-la. Orgulhoso por seu filho ter seu texto classificado em primeiro
lugar no 42° Concurso Internacional de Redação de Cartas do Correio.
Quem é ele?
Luiz Augusto é um jovem escritor e
estudante do primeiro ano do ensino médio, considera-se uma pessoa que leva uma
vida normal, ajudando seu pai na lida do campo: roça o pasto, capina a horta,
trata de porco... É um jovem que prima por seu lar, pelos estudos e que tem
planos para o seu futuro: formar-se em engenharia civil e ajudar sempre a sua
família, já que para ele esta tem significado de união.
A beleza natural e encantadora do
lugar onde vive é a fonte de inspiração para a produção de seus textos. Sensível, como todo artista, gosta de
música sertaneja; seus livros preferidos são os da série Harry Potter, cuja escritora
J. K. Rowling também é sua favorita. Apesar das dificuldades, o que mais lhe
deixa feliz é estar junto de seu pai e de suas irmãs. E o que lhe entristece é
ver as dificuldades enfrentadas por outras pessoas. Para ele Deus está acima de
tudo.
Luiz Augusto é
um aluno que sempre se destacou na Escola Estadual Marquês de Sapucaí pela sua
humildade,carisma e sensibilidade. Por isso tem muitos amigos e é respeitado e
admirado por todos.
Por que a água é um bem
precioso?
Delfim Moreira, 14 de março de 2013
Caro amigo,
Escrevo de terras distantes das suas, de onde posso beber
água na bica e nadar nas lindas cachoeiras da Serra da Mantiqueira, a serra que
chora, segundo os índios: “Amantykir”.
Aqui tenho a liberdade de estalar as poças d’água, de correr
nos campos molhados pela chuva e sentir as gotas chicoteando minhas costas,
lavando meu rosto...
Ah, como é belo ver a água da chuva dançar nos céus,
convidando o feijão, o milho e as braquiárias a bailarem. Apreciar esse
espetáculo debaixo de uma árvore vale mais do que qualquer cena no cinema. Às
vezes, a chuva cai tão forte que chega a produzir uma fumaça branca que desliza
eufórica pelo pasto e pelas plantações. E como é belo sentir o chão saciado. As
sementes germinando... As flores se abrindo... Os frutos... Ah, que diversidade
de cores e sabores!
E o que eu gosto mais é escorregar no terreiro lamacento e
sapatear no barro vermelho que desce empurrado pelas águas. Ah, meu amigo, se
você pudesse presenciar a maravilha que é ver as árvores chorarem lágrimas
cristalinas, lágrimas não de tristeza, mas de vida!
Mas eu tenho consciência que toda essa alegria um dia poderá
ter fim. Dia a dia noto os rios franzinos... e tantos resíduos em suas costas.
Coitados dos agricultores que precisam de água limpa para saciar a sede dos filhos
e das lavouras.
Ah, prezado amigo, justamente ela que é nossa amiga
incondicional, encontra-setão desprotegida! Não é que até as nascentes estão se
tornando escassas por causa da ganância do homem que desmata desmedidamente!
Não pense que sou um rapaz pessimista. Sou até bastante
positivo porque acredito que preservar nosso maior bem seja tarefa fácil, desde
que haja educação e comprometimento dos povos. Basta agir com respeito para com
a natureza.
Sabe, amigo, sei que minhas simples palavras não vão retirar
todo o veneno que jogam nos rios, mas se elas mudarem alguma coisa dentro de
você já valeu a pena lhe escrever...
Lembre-se que no universo não há diamante mais precioso do
que a água. Diamantes não saciam a sede; não refrescam o rosto nos dias
quentes; não descem as montanhas cantando; não levam nossos sonhos nem nossas
lágrimas. Diamantes não geram a vida. Diamantes não acalentam nosso sono.
Diamantes não me fazem falta.Já a água... Ah, que preciosidade!
Grande abraço,
Luiz Augusto Fernando Guimarães
1º ano ensino médio
Luiz Augusto, suas irmãs e seu Pai |
Os alunos aprenderam o manejo do arado com o sr Zezinho Amaro |
Caminho até a casa do Aluno Luiz Augusto |
Denúncia
Moradores do Sengó estão indignados com o descarte de lixo no bairro
Durante a visita ao bairro Sengó, a equipe do jornal Prisma Cultural recebeu uma denúncia sobre o depósito indevido de lixo em alguns terrenos de moradores dobairro. Fomos pessoalmente ao local e confirmamos que há garrafas pet jogadas no terreno, tecidos, lonas de plástico, baldes, carcaças e ossos bovinos (foto ao lado)que foram ali depositados por açougueiros, supostamente de Itajubá.
Os fatores que tornam a situação ainda mais agravante sãoo odor presente no local e a localização do terreno nas proximidades do rio Santo Antônio que desemboca na represa. Segundo relatos dos moradores, os cachorros estão arrastando os restos de ossos para dentro do rio, o que pode gerar complicações futuras.
Querido Luiz Augusto Fernando Guimarães, nem o conheço pessoalmente mas já sou inteiramente encantada por você e pelos seus lindos textos. Já sou sua fã. Parabéns por todos os seus escritos. Continue assim. Algum dia quem sabe, você possa vir até minha cidade conversar com nossos alunos. Muito linda sua história. Sucesso pra você!! Que Deus conserve sua humildade, seus ideais e que você seja um agente de transformação na sociedade, sempre visando um mundo melhor!!Abraço
ResponderExcluirNo meu sítio também tem muito jacu... e cada vez aumenta mais....
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