Declínio
Dizem que a
felicidade está onde o nosso coração e a nossa alma se encontram. Bem, a minha
se encontra em Delfim Moreira e posso dizer que vivo em um paraíso
desconhecido, imerso sob os templos dos ipês e araucárias; escondido pelas
cortinas e véus cristalinos das cachoeiras selvagens sedentas por apreciação e
júbilo.
O fato é que
enquanto pesquisava sobre minha cidade, tive de recorrer ao seu ilustre passado
e não entendo como as coisas mudaram tão rapidamente ao longo do tempo. De um
singelo arraial no sul de Minas descoberto por um bandeirante a procura de
ouro, Delfim Moreira se tornou a grande preciosidade e a maior produtora
mundial de marmelo. Uma joia que vivenciou conflitos internos por causa da
padroeira Nossa Senhora da Soledade e se fez cenário da tal Revolução decorrida
da “Política do Café com Leite”. Um lugar que foi movimentado pelos trilhos da
Maria Fumaça que trouxe alegria em seus vagões, espalhou felicidade e semeou
paixão nos corações joviais que, na onda dos vaivéns e dos tradicionais bailes
com a Lira Delfinense, guardaram essas lembranças que,hoje, já estão escassas
em suas almas congeladas pelas geadas , assim como a cidade.
E o marmelo
se acabou, a Maria Fumaça se foi e Delfim Moreira foi esquecida. Poucos se importam em unir forças para ultrapassar
a gruta da escuridão e do silêncio quase sepulcral. O passado histórico de
Delfim Moreira ainda lateja clamando por oportunidades de desenvolvimento.
Atividades turísticas? Talvez. Só espero que Delfim Moreira possa reinar novamente
e, assim, exibir ao mundo todo o seu triunfo e beleza e,até quem sabe um dia, possa voltar a ser o que era antes.
Mas isso depende da motivação de cada um de nós em reavivar e fortalecer nossas raízes para que
nossa cidade se desenvolva como uma árvore frondosa.
Para Delfim
Moreira, a única esperança é que o delfinense se comprometa em cultivar o
progresso que resista aos vendavais .
Caso contrário,em nosso amanhã tudo nos será tomado e nada nos restará além de
meras lembranças. Mas se a nossa força de vontade for maior e mais forte que o
próprio destino, Delfim Moreira ainda viverá o resplandecer de uma era de luz e de prosperidade.
Camila Sapucci
Preservação X Devastação
A questão do desmatamento no alto da Serra da
Mantiqueira é uma problemática, que ao longo dos anos, já se tornou rotina. Por
que afirmamos isso? Desde que nos conhecemos por gente estamos ouvindo falar de
proteção ambiental, mas a devastação de nossas florestas naturais é algo
assustador!
Muitos de
nossos antepassados já tinham o hábito de ver as matas nativas como uma
alternativa de sobrevivência e de certa forma as tornaram produto de utilidade
em suas propriedades, assim como fonte de renda. Acreditamos que, se não fosse
a guarda-florestal, antiga denominação para um grupo de policiais que cuidava
dessa questão com patrulhamentos, certamente hoje não teríamos nem a proteção
das nascentes, tamanha a devastação.
Delfim
Moreira é coberta por uma área de 408,181km² e, pelo nosso posicionamento, já
podemos perceber enormes espaços como o couro cabeludo desnudado pelo corte.
Ah, as pastagens também foram ocupando espaços vazios, assim como as lavouras.
Há aqueles que optaram pelo plantio de eucalipto, para extração da madeira,
tipo de investimento que precisa de permissão ou licença.
Entretanto,no Novo Código Florestal que ainda está
em trâmite no Congresso Nacional, um dos itens abordados é a proibição do corte
de eucalipto plantado perto dos rios e nascentes, cuja metragem oscila entre 30
e 500m . Que encruzilhada, puxa! Parece que estamos em xeque...
Tudo bem, temos que nos preocupar e muito coma
preservação da fauna e da flora, como de
todo o ecossistema, mas a garantia de sobrevivência dessas pessoas que sempre
dependeram da venda de madeira tem que ser levada em conta, porque é aí que se
estabelece uma grande problemática: o aumento de desempregados.
Diante desse impasse Preservação X Devastação, a
política federal deveria estar planejandoalternativas de geração de renda para
essas famílias . E por que não se preocupar com uma política
de trabalho para toda a população? Além do mais, preservar as matas é
contribuir para a conservação da vida do planeta. Todos nós sabemos que nossos
legisladores trabalham em favor de uma minoria que detém o poder econômico, mas
tem que haver uma saída para a maioria dos interessados...
Na tentativa de resolver essa questão, a escola é
um caminho usado para conscientizar as pessoas usando meios como: palestras
sobre preservação e educação ambiental, muita conversa em sala de aula e até
mesmo cartilhasjá foram entregues para os alunos, mas só que
não demora muito e as pessoas parecem não terem aprendido nada. É só
observar as atitudes das pessoas em geral, para perceber que pouco ou nada
entendem. E olha que até a igreja já trabalhou com essa temática com o objetivo
de preservar e valorizar o meio ambiente, e nada!
Assim, se nem os religiosos, educadores e
profissionais da área e, principalmente, os legisladores não conseguem apontar
um caminho, atéo presente momento, frente a questão da preservação, exploração e sobrevivência, o discurso acaba
se tornando vazio. Mas uma coisa é certa: as iniciativas não podem ser tomadas
isoladamente. Se o problema étambém global tem
que ter a participação de todos para além do congresso...
Por fim, o que não podemos é viver alienados,
correndo o risco de nos tornarmos as próximas vítimas do sistema e da
destruição.
Bárbara Mendes e Luciana Cortez
Nenhum comentário:
Postar um comentário