sexta-feira, 26 de julho de 2013

Opinião

Declínio

            Dizem que a felicidade está onde o nosso coração e a nossa alma se encontram. Bem, a minha se encontra em Delfim Moreira e posso dizer que vivo em um paraíso desconhecido, imerso sob os templos dos ipês e araucárias; escondido pelas cortinas e véus cristalinos das cachoeiras selvagens sedentas por apreciação e júbilo.
            O fato é que enquanto pesquisava sobre minha cidade, tive de recorrer ao seu ilustre passado e não entendo como as coisas mudaram tão rapidamente ao longo do tempo. De um singelo arraial no sul de Minas descoberto por um bandeirante a procura de ouro, Delfim Moreira se tornou a grande preciosidade e a maior produtora mundial de marmelo. Uma joia que vivenciou conflitos internos por causa da padroeira Nossa Senhora da Soledade e se fez cenário da tal Revolução decorrida da “Política do Café com Leite”. Um lugar que foi movimentado pelos trilhos da Maria Fumaça que trouxe alegria em seus vagões, espalhou felicidade e semeou paixão nos corações joviais que, na onda dos vaivéns e dos tradicionais bailes com a Lira Delfinense, guardaram essas lembranças que,hoje, já estão escassas em suas almas congeladas pelas geadas , assim como a cidade.
            E o marmelo se acabou, a Maria Fumaça se foi e Delfim Moreira foi esquecida.  Poucos se importam em unir forças para ultrapassar a gruta da escuridão e do silêncio quase sepulcral. O passado histórico de Delfim Moreira ainda lateja clamando por oportunidades de desenvolvimento. Atividades turísticas? Talvez. Só espero que Delfim Moreira possa reinar novamente e, assim, exibir ao mundo todo o seu triunfo e beleza e,até  quem sabe  um dia, possa voltar a ser o que era antes. Mas isso depende da motivação de cada um de nós em  reavivar e fortalecer nossas raízes para que nossa cidade se desenvolva como uma árvore frondosa.
            Para Delfim Moreira, a única esperança é que o delfinense se comprometa em cultivar o progresso que  resista aos vendavais . Caso contrário,em nosso amanhã tudo nos será tomado e nada nos restará além de meras lembranças. Mas se a nossa força de vontade for maior e mais forte que o próprio destino, Delfim Moreira ainda viverá o resplandecer de uma era de luz e de prosperidade.

       Camila Sapucci

Preservação X Devastação


A questão do desmatamento no alto da Serra da Mantiqueira é uma problemática, que ao longo dos anos, já se tornou rotina. Por que afirmamos isso? Desde que nos conhecemos por gente estamos ouvindo falar de proteção ambiental, mas a devastação de nossas florestas naturais é algo assustador!
 Muitos de nossos antepassados já tinham o hábito de ver as matas nativas como uma alternativa de sobrevivência e de certa forma as tornaram produto de utilidade em suas propriedades, assim como fonte de renda. Acreditamos que, se não fosse a guarda-florestal, antiga denominação para um grupo de policiais que cuidava dessa questão com patrulhamentos, certamente hoje não teríamos nem a proteção das nascentes, tamanha a devastação.
 Delfim Moreira é coberta por uma área de 408,181km² e, pelo nosso posicionamento, já podemos perceber enormes espaços como o couro cabeludo desnudado pelo corte. Ah, as pastagens também foram ocupando espaços vazios, assim como as lavouras. Há aqueles que optaram pelo plantio de eucalipto, para extração da madeira, tipo de investimento que precisa de permissão ou licença.
Entretanto,no Novo Código Florestal que ainda está em trâmite no Congresso Nacional, um dos itens abordados é a proibição do corte de eucalipto plantado perto dos rios e nascentes, cuja metragem oscila entre 30 e 500m . Que encruzilhada, puxa! Parece que estamos em xeque...
Tudo bem, temos que nos preocupar e muito coma preservação da fauna e  da flora, como de todo o ecossistema, mas a garantia de sobrevivência dessas pessoas que sempre dependeram da venda de madeira tem que ser levada em conta, porque é aí que se estabelece uma grande problemática: o aumento de desempregados.
Diante desse impasse Preservação X Devastação, a política federal deveria estar planejandoalternativas de geração de renda para essas  famílias  . E por que não se preocupar com uma política de trabalho para toda a população? Além do mais, preservar as matas é contribuir para a conservação da vida do planeta. Todos nós sabemos que nossos legisladores trabalham em favor de uma minoria que detém o poder econômico, mas tem que haver uma saída para a maioria dos interessados...
Na tentativa de resolver essa questão, a escola é um caminho usado para conscientizar as pessoas usando meios como: palestras sobre preservação e educação ambiental, muita conversa em sala de aula e até mesmo cartilhasjá foram entregues para os alunos, mas  só que  não demora muito e as pessoas parecem não terem aprendido nada. É só observar as atitudes das pessoas em geral, para perceber que pouco ou nada entendem. E olha que até a igreja já trabalhou com essa temática com o objetivo de preservar e valorizar o meio ambiente, e nada!
Assim, se nem os religiosos, educadores e profissionais da área e, principalmente, os legisladores não conseguem apontar um caminho, atéo presente momento, frente a questão da preservação,  exploração e sobrevivência, o discurso acaba se tornando vazio. Mas uma coisa é certa: as iniciativas não podem ser tomadas isoladamente. Se o problema étambém global tem  que ter a participação de todos para além do congresso...
Por fim, o que não podemos é viver alienados, correndo o risco de nos tornarmos as próximas vítimas do sistema e da destruição.

Bárbara Mendes e Luciana Cortez


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